Solidariedade a Dermi: pela punição dos crimes da ditadura

A Comissão Nacional da Verdade e o Sindicato dos Profissionais no Estado de São Paulo divulgaram, nesta segunda-feira (18), notas em solidariedade à família do jornalista e cientista político Dermi Azevedo pela morte de seu filho, Carlos Alexandre, no fim de semana em São Paulo.

Com um ano e oito meses, o filho de Dermi foi preso e torturado em 1974 com a mãe no prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Deops), em São Paulo.

O texto divulgado pela Comissão da Verdade anota que "sofrimentos como esse revelam a dor, ainda silenciada, de diversas famílias vítimas das violências cometidas pelo governo ditatorial militar. Casos como o de Carlos reafirmam a necessidade de atuação da CNV na busca pela memória e verdade envolvendo as graves violações aos direitos humanos".

Em nota, o Sindicato dos Jornalistas de SP explicou que "esse crime nunca foi apurado, seus torturadores jamais foram punidos. É uma chaga aberta que envergonha a sociedade brasileira e a contamina com a hipocrisia e a mentira. Enquanto isso, as vítimas continuam sofrendo sua dor, chegando ao ponto do desespero de Carlos Alexandre que acabou dando fim à própria vida". 

Acompanhe a Nota Oficial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo:

Na madrugada destes 16 de fevereiro de 2013, suicidou-se Carlos Alexandre Azevedo, filho do jornalista e cientista social Dermi Azevedo e da pedagoga Darcy Andozia. Ele tinha 40 anos e nunca se recuperou das torturas sofridas no Deops paulista em 14 de janeiro de 1974, quando contava apenas um ano e oito meses de vida. O bebê Carlos Alexandre foi preso junto com sua mãe. Seu pai já estava aprisionado no mesmo lugar. Os três foram torturados. Segundo a mãe, os policiais espancaram o bebê apenas porque chorava. Pelos relatos dos presos políticos, ele tomou choques elétricos e sofreu agressões generalizadas Em seguida, foi levado pelos policiais à casa da avó, onde foi violentamente atirado ao chão, batendo fortemente a cabeça. Segundo seus pais, as sequelas daquele dia brutal marcaram sua vida para sempre.

Esse crime nunca foi apurado, seus torturadores jamais foram punidos. É uma chaga aberta que envergonha a sociedade brasileira e a contamina com a hipocrisia e a mentira. Enquanto isso, as vítimas continuam sofrendo sua dor, chegando ao ponto do desespero de Carlos Alexandre que acabou dando fim à própria vida.

Seu pai, Dermi Azevedo, trabalhou depois por anos na imprensa paulista, tendo sido secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas de Estado deSão Paulo na gestão 1990-1993. Sua atuação política tem a marca da retidão e da humanidade. Hoje mora e trabalha no Pará.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo expressa, nesta nota, sua mais profunda solidariedade ao companheiro Dermi Azevedo e a sua família neste momento de dor imensa. E reforça sua determinação de aprofundar os trabalhos da Comissão da Verdade que criou, visando ajudar os trabalhos nacionais de investigação dos crimes da ditadura militar. Nosso objetivo é apurar os crimes e punir os criminosos, como passo fundamental para que se supere a dor e a violência com as quais a ditadura militar maculou a historia do Brasil. É uma questão de democracia, de soberania popular, de justiça, de reparação. Mas também de prestar contas às vítimas e familiares, que têm o direito a ver seus algozes julgados e punidos, para poderem viver plenamente suas vidas, sem o peso da impunidade.

*Foto do acervo da família: Dermi, sua esposa Darcy e Carlos Alexandre (no colo) aos 3 anos

Com agências