Itau: lucro menor em 2012 leva a mudanças na direção

Plano de governança corporativa é alterado exclusivamente para controlador permanecer no cargo; queda no lucro de 2012 em relação a 2011 está entre os fatores que forçaram a permanência do filho do fundador da instituição; Marcos Lisboa perde o cargo de vice-presidente.   

Roberto Setubal, do Itau

Surpresa no mundo financeiro: a Itaú Unibanco Holding mudou suas próprias regras de governança corporativa para favorecer o herdeiro da família Setubal à frente do banco, Roberto Setubal. Ele tinha a aposentadoria marcada para o próximo ano, mas acaba de conseguir mais dois anos no cargo, iniciativa que deverá ser referendada pelo Conselho de Administração da instituição. Com 58 anos de idade, Setubal ficará à frente do Itaú Unibanco até os 62 anos, se não houver mais mudanças.

Em 2012, o banco da família Setubal teve lucro 5,1% menor do que o obtido no período anterior. Acredita-se que a mudança nas regras de governança corporativa e a extensão do mandato de Roberto Setubal está diretamente ligada ao mau resultado. Essa mundança ocorre no momento em que o próprio Setubal promove uma ampla reestruturação na cúpula da instituição que anunciou, nesta quarta-feira (20) a saída do vice-presidente Marcos Lisboa. Em comunicado oficial, o maior banco privado da América Latina informou que a mudança ocorre para simplificar a "estrutura da organização, com o objetivo de dar maior agilidade às decisões, além de promover ganhos de eficiência, unificando áreas de negócios e de suporte." Lisboa, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e presidente do Instituto de Resseguros do Brasil era do Unibanco, antes da fusão com o Itaú, no fim de 2008. Ele "recebeu o convite para voltar à vida acadêmica e ficará no cargo até 15 de março", afirmou o comunicado.

As mudanças reduzem o número de vice-presidências de 10 para nove, dando sequência a um movimento iniciado no fim de 2012, com a saída de outro vice-presidente, Sergio Werlang, então responsável pela área de riscos. De acordo com o banco, as decisões foram tomadas em conjunto por Setubal e pelo presidente do conselho, Pedro Moreira Salles. As mudanças refletem, segundo fontes com conhecimento do assunto, o descontgentamento de Setubal com os resultados recentes do grupo em áreas como seguros, controle de riscos, o que em parte impediu o banco de alcançar metas de ganho de eficiência prometidos há cerca de um ano e meio a investidores. Recentemente o banco anunciou que seu lucro líquido de 2012 foi 5,1% menor do que em 201, refletindo em parte o menor crescimento do crédito e despesas elevadas com provisões para perdas com calotes. 

Com informações do portal Brasil 247