Portugal: PCP e PS podem dialogar pelo fim à política direitista 

Em Portugal, na sequência dos protestos massivos da população contra a austeridade e pela demissão do atual governo, liderado pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, do Partido Social Democrata (PSD), o Partido Socialista (PS) e o Partido Comunista de Portugal (PCP) conversarão acerca da situação crítica em que vive o país.

Secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa - Lusa

O mês de março iniciou-se com manifestações numerosas em várias cidades de Portugal e do exterior, em solidariedade ao povo português, contra a austeridade imposta pelas políticas do governo para lidar com a crise. No dia 02 de março, o PCP evocou o espírito da Revolução de Abril, quando em 1974 o país libertou-se do jugo de uma ditadura militar.

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Na última terça-feira (12), o PCP tomou conhecimento de uma proposta feita pelo PS para entabular conversações sobre a situação do país. O comprometimento anterior do PS, entretanto, com o Pacto de Agressão (um acordo do PS, PSD e a coalizão direitista CDS-PP com a “troika” Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), afasta-o das posições do PCP, diametralmente opostas a essa orientação política e econômica que está levando o país à ruína.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e vários outros representantes do partido já manifestaram reiteradamente a postura do partido “contra a ingerência e o desastre, por uma política patriótica e de esquerda”, em que não se viu correspondido pelo PS.

Em 2011, quando o governo anunciou o pacto com a “troika” (chamado de “Memorando de Entendimento”, por reformas fiscais e orçamentárias que prejudicam o povo português), o PCP caracterizou-o como “um programa de intervenção externa de afundamento do país, agravamento da exploração, extorsão dos recursos nacionais.” E em reação, o partido também reafirmou o “caráter ilegítimo desta intervenção e a exigência de outro rumo para o país.”

Nesta quinta-feira (14), para a construção de um plano sustentável pela “urgente interrupção da ação do governo, com a sua demissão”, e para a “derrota da política de direita”, o PCP emitiu um comunicado em que se mostra disposto a dialogar com o PS. Leia o comunicado na íntegra:

O PCP deu ontem a conhecer ao PS, em resposta à sua carta da passada terça-feira, a disponibilidade para a realização de um encontro, em data a definir, centrado na urgente interrupção da ação do governo com a sua demissão, a realização de eleições, a rejeição do chamado ‘memorando de entendimento’ e a derrota da política de direita.

Na resposta endereçada, o Secretariado do Comitê Central do PCP sublinha que, no atual quadro político, uma avaliação séria das possibilidades de convergência de forças e setores democráticos só tem sentido e correspondência com as mais profundas aspirações populares se centrada nas questões cruciais que comprometem os mais elementares direitos e condições de vida dos portugueses, hipotecam o futuro do País e as suas possibilidades de desenvolvimento soberano.

É nas questões essenciais que conduzam a uma efetiva ruptura com o atual rumo da vida política nacional que os reais problemas do país, dos trabalhadores e do povo podem encontrar resposta.

É a resposta clara e sem ambiguidades sobre a vontade e determinação em assegurar a libertação do país do programa de submissão e exploração subscrito com a UE, o FMI e o BCE, a devolução aos trabalhadores e ao povo dos seus direitos e um rumo vinculado aos valores de Abril e ao respeito pela Constituição da República Portuguesa que a situação impõe, e que todos os democratas e patriotas exigem.

Da Redação do Vermelho