Com avanços na questão agrária, diálogo de paz entra em recesso 

Nesta sexta-feira (22), os diálogos de paz para a Colômbia entraram em recesso até o dia 2 de abril, após o término do sexto ciclo de debates, que segundo as partes chegaram a avanços no tema agrário.

Iván Márquez - El Universal

As expressões positivas das delegações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP) e do governo, manifestadas tanto em conjunto como separadamente, dão margem à possibilidade de acordos quanto ao desenvolvimento agrário – o primeiro dos seis temas incluídos na agenda que orienta as conversas.

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Neste sentido, outro indício é que as partes pediram ao Escritório da Organização das Nações Unidas na Colômbia e ao Centro de Pensamento para a Paz da Universidade Nacional que comecem a preparar, já para o final de abril, um novo fórum sobre a participação política.

Mediante o comunicado conjunto divulgado na última quinta-feira (21), também convidaram os colombianos e as organizações sociais a enviarem suas propostas ao processo de diálogos através do site www.mesadeconversaciones.com.co.

Latifúndio 

O chefe da representação guerrilheira, Iván Márquez, comentou que existem visões diferentes em assuntos como a mineração, a problemática do latifúndio e o limite da propriedade no campo, a estrangeirização da terra e a pecuária extensiva e sua contribuição a um fundo agrário em benefício dos camponeses.

Por sua vez, o presidente da delegação do governo, Humberto de la Calle, afirmou que "dentro das dificuldades próprias de temas tão complexos, o processo de construção do acordo caminha normalmente, ainda que quiséssemos avançar mais rápido".

Venezuela 

Ao abordar outros temas, Calle mencionou personalidades interessadas no processo de paz, como o recém-eleito papa Francisco e o presidente encarregado da Venezuela, Nicolás Maduro. As Farc expressaram seu pesar pelo falecimento do presidente venezuelano, Hugo Chávez, à família, ao povo e ao governo venezuelano, que junto com o Chile atua como observador no processo de paz.

Propostas 

No dia de encerramento do ciclo, as Farc-EP apresentaram nove propostas mínimas para a reafirmação da soberania frente ao capital multinacional, entre as quais se destacam a denúncia e revisão dos tratados de livre comércio (TLC) assinados pelo governo colombiano com outros países.

Além disso, propõe a proibição da estrangerização da terra, assim como regulações especiais contra o monopólio e a especulação financeira por grandes empresas multinacionais e grupos econômicos nacionais.

Com estas sugestões somam 90 as realizadas pelas Farc-EP, com 120 derivações, que se encaminham a garantir o acesso à terra, a democratização da propriedade, o ordenamento social e ambiental e o respeito aos direitos do campesinato e das minorias, segundo o membro da equipe Jesús Santrich.

Veja o especial do Vermelho sobre os Diálogos de Paz 

Com Prensa Latina