Parlamentar israelense provoca tensões com visita a Al-Aqsa 

Centenas de colonos judeus em terras palestinas marcharam nesta terça-feira (26) ao redor dos portões da mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém. De acordo com guardas da mesquita, o membro do parlamento (Knesset) israelense (MK) Moshe Feiglin convocou religiosos judeus rezar na esplanada das mesquitas (onde fica Al-Aqsa) nesta quarta-feira (27), na ocasião do feriado judeu Pessach, ou páscoa judaica. 

Parlamentar israelense - Guardian

A esplanada fica onde muitos judeus acreditam ter sido o grande Templo, e muitos também chegam a defender a destruição das mesquitas para reconstruí-lo. A convocatória feita pelo MK, segundo a Fundação Al-Aqsa, serve apenas para aumentar as tensões entre palestinos e judeus.

A Fundação convocou religiosos e estudantes de Jerusalém e dos territórios ocupados desde 1948 (quando se estabeleceu oficialmente o Estado de Israel) para juntarem-se na mesquita e intensificar sua presença diária para protegê-la.

Palestinos alinharam-se como uma barreira humana, que fez com que a polícia israelense impedisse o parlamentar a entrar no recinto, para evitar uma reação tensa dos religiosos, de acordo com um correspondente da agência palestina de notícias, Wafa.

Entretanto, pequenos grupos de colonos haviam entrado, sob a proteção da polícia israelense, através da ponte que liga à esplanada desde o Bab El-Magharbeh (um dos portões da cidade velha em Jerusalém).

O Ministério de Relações Exteriores da Palestina emitiu uma declaração política, em que considerou os atos e a invasão da esplanada por colonos uma prova do ataque reiterado feito pelos israelenses judeus à mesquita Al-Aqsa.

O Ministério disse que essas medidas refletem os planos israelenses de escalar a tensão e prejudicar qualquer esforço internacional ou estadunidense de reavivar um processo de paz ou negociações sérias. Pediu ainda à comunidade internacional medidas necessárias para o cessar imediato da agressão.

A Fundação Al-Aqsa também pediu à Liga Árabe, que estava reunida em uma cimeira em Doha (capital do Catar), a tomar decisões apropriadas que preservem a santidade da mesquita contra a ocupação. A Liga respondeu na Declaração Doha, emitida nesta quarta-feira (27), segundo a qual os membros abririam um fundo para a conservação dos aspectos árabes de Jerusalém contra a ocupação israelense, por exemplo.

As incursões “foram acompanhadas pela performance dos rituais talmúdicos liderados pelos rabinos, que têm um papel proeminente na reivindicação pela judaização e a demanda pela construção do suposto templo”, afirmou a Fundação.

A instituição também convocou a organização contínua de eventos e atividades que confirmem a rejeição aos esquemas israelenses, e para o desenvolvimento de um programa que libere a mesquita de Al-Aqsa da ocupação.

A esplanada onde ficam as mesquitas, inclusive Al-Aqsa, fica no mesmo local em que está o “Muro das Lamentações”, ou “Parede Ocidental”, segundo os judeus, que seria parte do templo que querem reconstruir no lugar das mesquitas. O local é guardado por soldados das forças israelenses e os turistas que queiram visitar a esplanada das mesquitas têm que passar por um caminho precário, entre soldados e bandeiras israelenses.

Em 2000, a visita do então candidato ao cargo de primeiro-ministro israelense Ariel Sharon à esplanada das mesquitas também provocou a reação dos palestinos, e adicionou impulso ao levante da Segunda Intifada contra a ocupação e a opressão israelense contra os palestinos.

Com Wafa,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho