Paraguai: diferenças colocam em dúvida pesquisas eleitorais

O futuro do Paraguai é incerto. As consideráveis variações das pesquisas de intenções de voto não permitem apontar com segurança a vitória de nenhum candidato nas eleições presidenciais marcadas para o dia 21 de abril. Entretanto, os números sugerem que o comando do país deverá ficar com Horacio Cartes, do Partido Colorado, ou com Efraín Alegre, do Partido Liberal.

Em pesquisa divulgada na semana passada, no dia 25 de março, o instituto Grau & Associados cravava uma boa vantagem de Horacio Cartes, com 42,7% contra 29,2% de Efraín Alegre. No mesmo dia, pesquisa do insituto GEO apresentava um quadro totalmente polarizado: 36,8% para o candidato do Partido Colorado e 35,6% para o candidato do Partido Liberal.

Uma terceira pesquisa, divulgada em 23 de março pelo instituto Taka Chase, se aproxima do panorama apresentado pelo Grau & Associados, mas traz um novo dado inusitado. Miguel Carrizosa, do Partido Pátria Querida, aprece com 10,7%. O mesmo candidato tem 1% e 0,5%, respectivamente nas pesquisas do Grau & Associados e do GEO.

Disputa

O Partido Colorado busca voltar ao poder após a derrota de 2008, quando a eleição de Fernando Lugo pôs fim a 61 anos de governos ininterruptos da agremiação, 35 dos quais sob ditadura. Por sua vez, o Partido Liberal busca se manter na presidência, atualmente ocupada por Frederico Franco. Ele foi alçado ao posto após o polêmico processo de impeachment de Lugo.

A esquerda paraguaia chega ao pleito dividida. O candidato que aparece mais bem colocado nas pesquisas é Mario Ferreira, do Movimento Avança País, um jornalista e âncora de programas de televisão que defende a continuidade das políticas iniciadas por Lugo. Entretanto, ele não conta com o apoio do ex-presidente. Lugo, que concorre ao Senado, integra a Frente Guaçú, cujo candidato é o médico Anibal Carrillo.

Também disputam a eleição Lilian Soto, do Movimento Kuña Pyrendá, e Lino César Oviedo, da União Nacional dos Cidadãos Éticos. Este último é sobrinho homônimo de Lino Oviedo, que seria o candidato do partido até sofrer um acidente de helicóptero e falecer no início de fevereiro.

Mercosul

A eleição no Paraguai está sob os olhares de toda a América do Sul. O país está suspenso do Mercosul desde o polêmico processo que levou ao impeachment de Fernando Lugo. A transparência do processo eleitoral será decisivo para que Brasil, Argentina e Uruguai reavaliem a penalidade imposta ao país.

No total, 3.516.273 eleitores estão aptos a votar. Eles também terão a oportunidade de renovar totalmente o Senado, a Câmara dos Deputados, os governos e assembleias regionais e a bancada do Paraguai no Parlamento do Mercosul (Parlasul). Embora o voto seja obrigatório, não existe um histórico de punições, o que faz com que o índice de abstenção normalmente oscile entre 30 e 40%.

A legislação paraguaia não prevê segundo turno e o voto ocorre de forma manual, em cédulas de papel. Será a primeira vez na história que os paraguaios residentes no exterior poderão escolher o futuro presidente.

Fonte: Portal EBC