Massacre do Carandiru: policiais acusados permanecem na ativa

Oito dos 26 policiais militares acusados de participação no “Massacre do Carandiru” que começam a ser julgados a partir desta segunda-feira (8) em São Paulo continuam na ativa. O julgamento ocorre no Fórum Criminal da Barra Funda. Dos réus, ao menos 22 constam no site da transparência estadual como servidores públicos. A maioria está na reserva ou reformado.

Alguns dos réus desse primeiro bloco de julgamento, acusado de 15 mortes no segundo pavimento (primeiro andar) do Pavilhão 9 – serão julgados, ao todo, 79 policiais militares acusados de participação na morte de 111 presos da Casa de Detenção de São Paulo, em 1992 – chegaram a ocupar posições estratégicas na Polícia Militar (PM).

É o caso dos tenentes-coronéis Ronaldo Ribeiro dos Santos, que comandou o 37º Batalhão, no Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, e de Maurício Marchese Rodrigues, escolhido comandante do 1º Batalhão de Policiamento Ambiental. O também tenente-coronel Eduardo Espósito é hoje secretário de Segurança Pública em Santana de Parnaíba, município da Grande São Paulo. Já o capitão Marcos Ricardo Poloniato chegou a comandar a Defesa Civil de Piratininga, no interior paulista.

O ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o tenente-coronel Salvador Modesto Madia, que liderou a tropa de elite da PM paulista no ano passado, vai participar do segundo bloco de réus, responsável por 78 mortes.

Policiais deveriam ter sido afastados, diz advogado

Para o advogado Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, os réus no processo do “Massacre do Carandiru” deveriam ter sido afastados da corporação.

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"É um estímulo à violência praticada por policiais militares, e que vimos nos dias de hoje. Em 2002, a Organização dos Estados Americanos (OEA) fez importantes recomendações e cobrou punição aos responsáveis do governo paulista, que não cumpriu. É a mesma coisa de manter agentes responsáveis por tortura nos tempos da ditadura na Polícia Civil", disse Alves, citando os exemplos dos delegados Aparecido Laertes Calandra (conhecido como capitão Ubirajara), nomeado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), em 2002, para um dos postos de chefia do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), e Dirceu Gravina, delegado de polícia em Presidente Prudente, no interior do estado, conhecido nos meios de repressão como JC e responsável pelo comando de interrogatórios no DOI-Codi.

Os 26 réus que começam a ser julgados nesta segunda-feira (8) são Ronaldo Ribeiro dos Santos; Aércio Dornelas Santos; Wlandekis Antonio Candido Silva; Roberto Alberto da Silva; Antonio Luiz Aparecido Marangoni; Joel Cantilio Dias; Pedro Paulo de Oliveira Marques; Gervásio Pereira dos Santos Filho; Marcos Antonio de Medeiros; Paulo Estevão de Melo; Haroldo Wilson de Mello; Roberto Yoshio Yoshikado; Fernando Trindade; Salvador Sarnelli; Argemiro Cândido; Elder Tarabori; Antonio Mauro Scarpa; Marcelo José de Lira; Roberto do Carmo Filho; Zaqueu Teixeira; Osvaldo Papa; Reinaldo Henrique de Oliveira; Sidnei Serafim dos Anjos; Eduardo Espósito; Maurício Marchese Rodrigues; e Marcos Ricardo Poloniato.

Fonte: O Globo