Jornalistas do O Povo aprovam consulta sobre estado de greve

Os jornalistas do O Povo aprovaram por unanimidade, na última semana, a realização de assembleia na redação para discutir a instalação do estado de greve. A decisão foi tomada após o Sindicato Patronal interromper as negociações da Campanha Salarial dos profissionais de impresso. Desde setembro do ano passado, a categoria aguarda a assinatura de um acordo decente, mas o Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Ceará (Sindjornais) oferece apenas 6,39% de correção salarial.

Os jornalistas estão insatisfeitos porque os patrões continuam se recusando a negociar mesmo após a entrega de abaixo-assinados elaborados por trabalhadores das duas maiores redações do Ceará – Diário do Nordeste e O Povo – reivindicando a celebração da Convenção Coletiva de Trabalho; da realização de paralisações nos jornais O Povo e O Estado; e da recusa à antecipação salarial do índice da inflação pelos profissionais do Diário.

"A proposta de assembleia por local de trabalho, com pauta única, que seria a formatação de uma agenda de mobilização e instalação de estado de greve, foi discutida pela nossa base que se organiza no jornal O Povo. Isso mostra que as redações vão fortalecer a mobilização e pressionar as chefias para que entendam a necessidade urgente de finalizar a Campanha Salarial com benefícios reais para os jornalistas", avalia Rafael Mesquita, diretor de Juventude do Sindjorce, que saiu aplaudido da redação do jornal O Povo na última sexta-feira.

Não faltou diálogo por parte dos jornalistas

O último encontro para negociação salarial foi em janeiro. O Sindicato dos Jornalistas chegou a solicitar à mediadora da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Ceará (SRTE/CE), Jeritza Jucá, a retomada das negociações com o sindicato patronal. A mesma solicitação foi feita pela presidente do Sindjorce, Samira de Castro, ao diretor superintendente do Diário do Nordeste, Pádua Lopes, que afirmou não entender o motivo para não se retornarem aos trabalhos, colocando a demanda nas mãos do jornal O Povo, que preside o sindicato patronal, representado por seu advogado, Mauro Sales.

O assunto foi colocado em discussão também no Diário do Nordeste, quando a comissão formada por diretores do Sindjorce conversou com Idelfonso Rodrigues, diretor-editor do jornal, na sexta-feira, dia 5. "Não entendo porque o Sindjornais não volta para a mesa. Vou levar essa pergunta ao Mauro Sales", respondeu o editor.

"Acredito que a categoria, ao tomar conhecimento deste disparate e observar que o problema se concentra, segundo as próprias empresas filiadas ao Sindjornais, na relação imposta pelo preposto patronal indicado pelo jornal O Povo, tenha tido como reação a ampliação da movimentação em torno da campanha", avalia Evilázio Bezerra, diretor executivo do Sindjorce.

Proposta aprovada em assembleia da categoria

A proposta de consulta sobre o estado de greve também foi aprovada por unanimidade como demanda extra-pauta dos jornalistas que atuam no Jornal O Povo, em assembleia da categoria realizada no dia 6 de abril, véspera do Dia do Jornalista. Até então, a assembleia de sábado tinha pauta única, que era a instalação do processo eleitoral do Sindicato.

O Sindjorce prepara uma proposta de agenda para as assembleias por local de trabalho, a ser fechada ainda nesta semana. Nos encontros, a discussão dos esforços para a construção de um cronograma de mobilização e instalação do estado de greve, que não trata-se de uma paralisação imediata, mas serve como alerta de que em algum momento ela pode acontecer.

Fonte: Sindjorce