Portugal: Todos ao 25 de abril, dia da Revolução dos Cravos

Em meio à recessão econômica, portugueses relembram o aniversário da Revolução dos Cravos com protestos às medidas de austeridade. A redução de gastos públicos e o rigor fiscal são criticados pela oposição de esquerda, sindicatos e movimentos civis. Fazem parte dos descontentes alguns “Capitães de Abril”, protagonistas da revolução de 1974.

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A política de austeridade do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, provocou um aumento no desemprego, que supera 17%, além de cortes de salários, aposentadorias, subsídios e serviços públicos.

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Entre as críticas levantadas está a do presidente da associação e um dos Capitães de Abril, Vasco Lourenço. Ele, que integrou o Conselho da Revolução e o Conselho de Estado, acredita que o legado da Revolução, que pôs fim a quatro décadas de ditadura, "está sendo destruído agora".

Os dirigentes da Associação 25 de Abril e o ex-presidente de Portugal Mário Soares, um dos fundadores do Partido Socialista, informaram que estarão ausentes da cerimónia alusiva ao 39º aniversário da Revolução dos Cravos, a realizar-se nesta quinta-feira (25), na Assembleia da República.

O dia 25 de abril de 1974 ficou marcado na história pela revolução que libertou Portugal da ditadura fascista iniciada por Antonio de Oliveira Salazar (1933-1974). Foi o movimento que derrubou o regime salazarista em Portugal. Após o golpe militar de 1926, foi estabelecida uma ditadura no país. No ano de 1932, Salazar tornou-se primeiro-ministro das finanças e virtual ditador. Ele instalou um regime inspirado no fascismo italiano. As liberdades de reunião, de organização e de expressão foram suprimidas com a Constituição de 1933.

Portugal manteve-se neutro durante a Segunda Guerra Mundial. A recusa em conceder independência às colônias africanas estimulou movimentos guerrilheiros de libertação em Moçambique, Guiné-Bissau e Angola. 

Em 1968 Salazar sofreu um derrame cerebral e foi substituído por seu ex-ministro Marcelo Caetano, que prosseguiu com sua política. A decadência econômica e o desgaste com a guerra colonial provocaram descontentamento na população e nas forças armadas. Isso favoreceu a aparição de um movimento contra a ditadura. 

No dia 25 de abril de 1974, explode a revolução. A senha para o início do movimento foi dada à meia-noite através de uma emissora de rádio, a senha era uma música proibida pela censura, Grândula Vila Morena, de Zeca Afonso. Os militares fizeram com que Marcelo Caetano fosse deposto, o que resultou na sua fuga para o Brasil.

A presidência de Portugal foi assumida pelo general António de Spínola. A população saiu às ruas para comemorar o fim da ditadura e distribuiu cravos, a flor nacional, aos soldados rebeldes em forma de agradecimento.

Acompanhe um trecho da música “Grândola, Vila Morena”, composta e cantada por José Afonso:

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena
 

Com agências