Jornalistas: Negociações salariais avançam e haverá nova reunião

Representantes de jornalistas e donos de jornais do Ceará voltaram a se reunir na última semana, na sede da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/CE), para tentar chegar a um acordo salarial que atenda às expectativas da categoria. As empresas, que após paralisação da redação do O Povo por três horas, no dia 25 de abril, ofereceram um reajuste de 7% para pisos e 6,39% para salários, propuseram agora 7,2% e 6,5%, respectivamente.

No mesmo momento da reunião, jornalistas e sindicalistas reivindicavam, na porta do Diário do Nordeste, uma proposta de reajuste digno que possa ser submetido à aprovação da base. “A mobilização dos jornalistas, insatisfeitos com a injustificável demora na celebração do acordo, foi fundamental para o aumento, embora pequeno, dos índices de reajuste salarial”, avaliou a presidente do Sindjorce, Samira de Castro, lembrando que a insatisfação levou 82% da redação do O Povo a aprovar a instalação do estado de greve, no dia 17 de abril.

Nada justifica um reajuste pequeno

Coordenador da comissão de negociação dos jornalistas, o diretor de Juventude do Sindjorce, Rafael Mesquita, argumentou que nada justifica um ganho real (acima da inflação) inferior a 2%, já que a maioria das categorias de trabalhadores do Nordeste obteve um aumento salarial médio de 2,26%, segundo o Dieese.

Rafael argumentou ainda que como toda a pauta de reivindicações da categoria foi negada pelos patrões, espera-se que as empresas compensem as negativas aumentando o índice do reajuste. “Se nenhuma cláusula nova foi incorporada à Convenção Coletiva de Trabalho dos jornalistas de impresso, não há motivo para a categoria aceitar um reajuste salarial rebaixado”, afirmou.

Diferença entre o reajuste proposto pelo MTE e pelos patrões é de apenas R$ 4,47

O piso proposto pelo Ministério do Trabalho é de R$ 1.598,41 e o oferecido pelas empresas é de R$ 1.593,94. Comparado ao valor reivindicado pela categoria (R$ 1.613,28), a diferença é de R$ 19,34. “Menos de R$ 20,00 é o que nos separa de um acordo com um ganho real de 2% (acima da inflação)”, afirma Rafael Mesquita.

Desde janeiro, a mediadora Jeritza Jucá se esforça para construir um consenso entre trabalhadores e patrões. Para tanto, propôs um reajuste de 7,5% linear (para pisos e salários), índice intermediário entre o reivindicado pelos jornalistas (8,5%) e o oferecido pelos donos de jornais (7,2%). Aplicado no piso, a diferença entre o índice do Ministério do Trabalho e o dos jornais é de apenas R$ 4,47.

“Resguardando o princípio da negociação e reconhecendo o avanço do processo, não apresentaremos uma contraproposta e sim utilizaremos a sugestão da dra. Jeritza. A resposta dos jornais não será apenas uma resposta aos jornalistas. Será uma resposta ao processo de negociação coletiva e, sobretudo, ao Ministério do Trabalho”, concluiu Rafael Mesquita. Uma nova reunião está agendada para o dia 28 de maio.

Fonte: Sindjorce