Banco Mundial "apoia" uma Palestina dependente de ajuda externa

O Banco Mundial transferiu nesta quarta-feira (29) 31,6 milhões de dólares para a Autoridade Palestina (AP), do Fundo Palestino para o Plano de Reforma e Desenvolvimento, um mecanismo orçamentário com diversos doadores, de acordo com uma nota divulgada pelo banco à imprensa. O envio de fundos estrangeiros à AP é frequente e destinado a mitigar uma parte das graves consequências da ocupação israelense sobre os territórios palestinos, e serve de instrumento de pressão sobre a AP.

Os fundos vêm dos governos da Austrália, do Reino Unido e do Japão, e servirão para o “apoio a necessidades orçamentárias urgentes da Autoridade Palestina (AP), sobretudo na área da educação, da saúde e outros serviços sociais vitais para o povo palestino, assim como para as reformas econômicas atualmente desenvolvidas”, segundo a nota.

O Fundo Palestino para o Plano de Reforma e Desenvolvimento (PRDP, na sigla em inglês) do Banco Mundial foi estabelecido em 10 de abril de 2008, através de um acordo assinado entre a AP e o banco, durante as Reuniões de Primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

O mecanismo é um componente central nos esforços do Banco Mundial para apoiar o atual Plano de Reforma e Desenvolvimento Palestino, mas mantém uma tradição de instrumento de ingerência e uma situação de dependência estrutural para o governo palestino, além de mitigar uma parte ínfima das consequências da ocupação israelense militar e civil sobre o território palestino.

Atualmente, os doadores do fundo são os governos da Austrália, da França, do Kuwait, da Noruega, do Reino Unido e do Japão, e com a nova remessa, completa a marca de um bilhão de dólares em contribuição.

Entretanto, a situação é insustentável, com um governo palestino altamente dependente da ajuda externa (inclusive de governos negligentes e até aliados do governo israelense), com altos níveis de desemprego e baixa produtividade, consequências da situação extremamente limitada pelo contexto de ocupação. Esta condição já foi reconhecida pelo próprio Banco Mundial.

O governo israelense frequentemente congela o repasse das receitas de exportação e da arrecadação impostos, conduzida pela administração civil de Israel em nome da AP (conforme previsto nos chamados Acordos de Oslo, de 1993, situação que deveria ser temporária). A medida é parte da política de punição e mais uma representação da opressão e da assimetria do conflito.

Neste sentido, o aparato governamental palestino, além de dependente da ajuda exterior, fica sujeito às pressões exercidas pelos “doadores”, principalmente em temas relacionados às negociações com Israel para a solução do conflito e para a criação do Estado da Palestina, mas também aos “ajustes” e “planos de desenvolvimento” econômico, como tantos outros países que recebem “apoio”.

Com informações da agência palestina Wafa,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho