UEB comemora eleição de nordestina para presidência da UNE

O 53º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que aconteceu de 29 de maio a 2 de junho, em Goiânia (GO), elegeu a estudante Virgínia Barros, de Pernambuco, para a presidência da entidade, que é a maior representação dos estudantes brasileiros. A escolha foi comemorada pelos baianos, que a consideram um destaque positivo para o Nordeste.

Nesta entrevista, o diretor de Comunicação da União dos Estudantes da Bahia (UEB), Onã Rudá, fala do significado da eleição de Virgínia e destaca outras pautas debatidas no congresso. Ele também fala da organização do congresso estadual, marcado para os próximos dias 14, 15 e 16, em Vitória da Conquista. Confira.

Portal Vermelho
– Como é que vocês receberam a notícia da eleição d

e uma pernambucana, uma
nordestina, para a presidência da UNE?

Onã Rudá – Com muito entusiasmo. Primeiro por ser uma legítima representante do Nordeste brasileiro, que encabeça as principais lutas do movimento social, que é a União Nacional dos Estudantes (UNE) e por ser uma mulher. É a quinta mulher. Isso é um avanço significativo e representa que o Nordeste, que já tem uma presidente da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), tem ocupado cada vez mais espaço no movimento social e encabeçado mais lutas, a fim de conseguir conquistas reais, não só no movimento estudantil, 

mas no país como um todo.


PV
– O que você espera que aconteça, e que aconteça de diferente, com a eleição dela?

OR – A gente avalia as gestões da UNE, uma subsequente da outra. Vi

c (Virgínia Barros) tem agora o desafio de consolidar as lutas que nós já conseguimos obter na última gestão. Nós já conseguimos os 10% do PIB para a educação, a presidenta se comprometeu a destinar os 100% dos royalties do petróleo para a educação, 50% do fu
ndo do pré-sal para a educação também. Temos também os avanços alcançados com o PNE (Plano Nacional de Educação) e criação de novas universidades. O que ela tem agora de desafio é consolidar tudo isso. A expectativa é que ela possa conseguir fazer com que as mobilizações, as grandes jornadas de luta, as ocupações, tudo isso culmine nesse aparato de conquistas que o movimento estudantil obteve nesse último período.

PV – Além da eleição da nova diretoria, o que mais o 53º Congresso da U

NE definiu?

OR – Em linhas gerais, o congresso da UNE se pauta muito nas questões do financiamento da educação pública, principalmente do ensino superior como um todo. Teve encontro de prounistas (beneficiários do Programa Universidade Para Todos) com a presença do ministro da Educação, Aluísio Mercadante, debates sobre saúde pública, democratização da comunicação, da ampliação do ensino superior. Houve debates também sobre o próprio movimento estudantil, como ele está caminhando e para onde está caminhando. Tivemos um ato de anistia de vários guerrilheiros da Ditadura Militar. A Comissão da Verdade da UNE conseguiu esse êxito e é o primeiro relatório que a comissão apresenta.

PV – Você disse que um dos debates foi sobre o futuro do movimento estudantil. Qual o resultado dessa discussão?

OR
– A conclusão é que a gente ainda tem muito o que avançar. Vivemos em um país em que 14% dos jovens estão no ensino superior; 70% no ensino privado. Esse é um sintoma muito grave que temos buscado combater, fazendo com que tenha a ampliação do ensino público, mas também a ampliação do ensino privado, do ponto de vista do PROUNI. Isso p

orque existe uma necessidade de o jovem brasileiro ingressar no ensino superior e ter outra perspectiva de vida. A gente imagina que esse novo indicativo de investimento na educação, que aconteceu diante de muita mobilização, deva dobrar a presença dos jovens no ensino superior.

PV – Vocês preparam, agora, o encontro dos estudantes da Bahia…

OR – O Congresso dos Estudantes da Bahia vai acontecer de 14 a 16 de junho, na cidade de Vitória da Conquista. Será feita, também, uma série de debates, levando em conta o que a UNE produziu, no seu fórum máximo do movimento estudantil brasileiro, e a realidade local. O principal debate da UEB hoje é sobre as universidades estaduais. O primeiro debate é sobre a reestruturação e expansão das universidades. Agora, a gente percebe a necessidade de que elas joguem um peso no desenvolvimento regional. O tema do congresso é “70 anos na terra do sol: Universidade, Sertão e Desenvolvimento”. Os 70 anos é porque a UEB completou, dia 16 de janeiro, 70 anos de existência. O congresso deve aprovar resoluções no sentido de que as estaduais joguem um papel no desenvolvimento regional, que sejam criadas novas universidades federais na Bahia, mas também encabeçar lutas sobre a usurpação do capital estrangeiro no ensino privado brasileiro. A Bahia é o estado mais problemático. O capital estrangeiro chegou aqui com um peso muito forte e os estudantes daqui não podem se formar nos moldes norte-americanos. Não faz sentido.

Entrevista a Erikson Walla
Da redação de Salvador.