Rio de Janeiro também teve protesto contra aumento de tarifa

Terminou em confusão a passeata contra o reajuste das passagens dos ônibus urbanos do município do Rio. A Polícia Militar acompanhou toda a caminhada que saiu da Candelária e seguiu pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia, onde os manifestantes fizeram uma rápida votação para saber se continuariam com o protesto. Como eles decidiram retornar para a Candelária, a PM resolveu agir com rigor para dispersar os participantes do ato. Vinte e uma pessoas foram detidas.

O protesto começou como um ato pacífico de estudantes, marcado pela irreverência carioca em críticas ao preço das passagens com coreografias e paródias inspiradas nos gritos das torcidas de futebol: "Vem, vem, vem pra rua, vem. Contra o aumento!".

A fumaça se misturou ao gás lacrimogêneo lançado por policiais da Tropa de Choque da PM. Houve ainda balas de borracha e bombas de efeito moral. Roteiro semelhante ao da última segunda-feira (10) quando a manifestação contra o aumento das passagens somou uma lista de danos ao patrimônio público.

Às 18h10, o estudantes deixaram a Candelária e seguiram pela avenida Rio Branco, que teve o trânsito interrompido. Muitos carregavam cartazes com mensagens como "Desculpe o transtorno, estamos mudando o Brasil."

Três carros de som, fornecidos por sindicatos que participavam do protesto, estavam à disposição dos líderes do ato que reuniu estudantes de universidades públicas e privadas, além de representantes partidos políticos e grupos associados a direitos humanos.

Pelo microfone, um deles pedia que todos se abaixassem até iniciar o coro: "Quem não pula, quer aumento!" A multidão respondia com saltos como se estivesse em uma micareta.

No trecho final da Rio Branco, diante do Theatro Municipal, os estudantes decidiram seguir até a Assembleia Legislativa do Rio.

Policiais do 5º BPM acompanharam o deslocamento à distância. A entrada principal do Palácio Tiradentes, sede do poder legislativo, foi completamente ocupada pelos estudantes, momento celebrado com alguns fogos de artifício.

Aos poucos, com a ameaça da polícia o tom pacífico foi se perdendo e alguns manifestantes exaltados começaram a pixar as paredes dos prédios e jogarem as lixeiras nas ruas. Após os primeiros tiros de borracha, um grupo tentou dialogar com os PMs. Até que três bombas de gás lacrimogêneo caíram no chão bem ao lado dos policiais do 5ë BPM. "Que merda é essa?", perguntou o comandante Camargo, ao ser surpreendido pela ação da Tropa de Choque da PM.

Antes de qualquer reação, mais bombas foram lançadas na mesma direção. Os policiais do 5º correram para se afastar do gás, assim como os manifestantes. Uma nuvem cinza se espalhou pela Presidente Vargas, enquanto bombas de efeito moral ecoavam em pontos distintos da avenida.

Em nota, a Alerj disse ter sido palco de diversas manifestações populares ao longo de décadas e que sempre defendeu esse tipo de manifestação, por entender que faz parte do processo democrático que sustenta o Estado de Direito. O Legislativo, no entanto, repudiou o vandalismo, em particular aqueles contra o patrimônio histórico e público. A Alerj lembrou que é dever de todos, autoridades e cidadãos, proteger esses bens, que pertencem não a indivíduos, mas à sociedade como um todo.

A enfermeira Claúdia Muniz, que aguardava o ônibus nesta sexta-feira (14) em um ponto completamente destruído pelos manifestantes, disse que a população carioca finalmente acordou e agora está lutando pelos seus direitos. "Não podemos aguentar tantas atrocidades contra o nosso povo. Para mim, essa manifestação é legítima. Chega de aumentos nas tarifas dos transportes públicos. Ontem, eu estava trabalhando e infelizmente não pude comparecer. Mas, na próxima manifestação, espero estar presente" acrescentou.

O analista de sistemas Clóvis Ferreira, que ficou duas horas preso no trânsito por causa do protesto, não aprovou a conduta dos manifestantes. Para ele, existem muitas pessoas descomprometidas com a causa nos protestos. "Você percebe pelas vestimentas e pelo total descontrole que essas pessoas não têm a menor noção do que está acontecendo. Poderíamos ter um movimento mais organizado e que buscasse o diálogo com o Poder Público", disse.

Com informações da Agência Brasil, Jornal do Brasil e Folha de S.Paulo