Guantânamo: EUA vigiaram conversas entre presos e advogados
O governo norte-americano vigiou as conversas de alguns prisioneiros de Guantânamo com seus advogados, segundo reconheceu Bruce Macdonald, ex-chefe dos tribunais militares de exceção. A declaração foi feita na última segunda-feira (17), durante as preparações para o julgamento do suposto mandante dos atentados de 11 de setembro de 2001, Jalid Sheij Mohamed.
Publicado 18/06/2013 19:45
Macdonald, vice-almirante aposentado, admitiu que foram aprovadas ordens para vigiar a correspondência e as conversas telefônicas dos cinco reclusos pelos atentados de 11 de setembro com seus advogados. A ação, no entanto, teria sido promovida apenas para “manter o equilíbrio” da segurança, não para espionar.
Os advogados de Jalid Sheij Mohamed, auto-proclamado “cérebro” dos ataques, e quatro de seus supostos cúmplices tentaram provar nesta segunda que a autoridade que supervisiona as comissões militares de Guantânamo vigiava as conversas dos defensores com seus clientes, o que poderia violar a privacidade a qual os detentos têm direito.
Essa ordem de 2011 foi enviada às autoridades da prisão de Guantânamo e à CIA, uma vez que, segundo Macdonald, tudo o que os acusados dizem é considerado, de maneira prévia, informação secreta que está sendo exposta quando falam com os advogados. A intenção dessas ordens seria deter os casos de contrabando de materiais não autorizado e evitar o vazamento de informações que afetem a segurança nacional.
Macdonald disse não se lembrar da motivação para as gravações das conversas telefônicas, mas reconheceu que elas ocorriam e que estava ciente de que havia equipes em Guantánamo responsáveis por essa coleta de informações.
Essa foi a primeira vez, desde fevereiro, que os cinco acusados compareceram à sala do tribunal de Guantánamo. A declaração do almirante norte-americano ocorre depois da revelação de que os Estados Unidos grampearam conversas telefônicas de milhões de cidadãos, com o suposto objetivo de “proteger a nação contra ataques terroristas”.
Fonte: Opera Mundi