Aliança entre Cuba e Venezuela tem a marca de Chávez 

Cuba e Venezuela ratificaram sua aliança estratégica durante uma visita oficial à ilha do presidente desse país sul-americano, Nicolás Maduro, que assegurou que o legado de Hugo Chávez marca as relações bilaterais.

Por: Waldo Mendiluza * 

A 13ª Sessão da Comissão Intergovernamental fechou a estada do mandatário venezuelano no fim de abril em Havana, onde sustentou encontros com o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, e o chefe de Estado anfitrião, Raul Castro.

O foro celebrado no Palácio das Convenções em Havana foi cenário da assinatura de mais de 50 projetos e contratos em setores envolvidos com o desenvolvimento socioeconômico de ambas as nações.

Maduro considerou o evento uma ratificação da unidade entre os dois países latino-americanos.

"A marca de Chávez está fresca, é nossa marca, por aí andam os nossos passos, os da união com Cuba, da Revolução e do socialismo", sentenciou.

Por sua vez, Raul Castro afirmou que a melhor homenagem ao recém falecido líder bolivariano "é a luta incansável por tornar a cada dia mais integral e eficiente nosso trabalho nas missões sociais, nos objetivos econômicos e em todas as modalidades das amplas e diversas relações de cooperação".

Chávez e Fidel Castro forjaram a associação estratégica entre Cuba e Venezuela, a qual teve sua expressão em instrumentos como o Convênio Integral de Cooperação assinado em outubro de 2000 e o nascimento quatro anos mais tarde da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa a América (ALBA).

A Ata Final da Comissão Intergovernamental refletiu o tributo ao estadista, que morreu em 5 de março último em Caracas depois de ter lutado contra o câncer.

Acordos

Com a presença de Raul Castro e Nicolás Maduro, a 13ª Sessão da Comissão Intergovernamental terminou com a assinatura de 51 projetos para serem executados em 2013, três contratos no âmbito da saúde, educação e cultura, e um memorando de entendimento que estabelece as estratégias econômicas bilaterais a médio e longo prazos.

Ambos os mandatários expressaram a decisão de potencializar vínculos para o bem-estar social e a integração latino-americana e caribenha.

"Reiteramos a decisão indubitável de Cuba de continuar a cooperação solidária com a Venezuela", assinalou Raul Castro no encerramento da Comissão, em 27 de abril.

Do mesmo modo, Maduro expressou: "Viajamos à cidade de Havana para ratificar a aliança estratégica, histórica que ultrapassa os tempos, e mais que aliança é irmandade".

Os convênios acordados abrangem esferas como a saúde, as comunicações, o esporte, a energia e o impulso à cultura nos bairros.

Estes mecanismos complementam os anteriormente assinados, que permitiram à Venezuela criar e consolidar uma rede de saúde pública de atendimento gratuito, com quase sete mil consultórios, 560 Centros de Diagnóstico Integral e 35 Centros de Alta Tecnologia, entre outras instalações.

A nação sul-americana deu também importantes passos na massificação do esporte e da cultura, com o apoio de instrutores cubanos disseminados por sua diversa geografia.

Além disso, cerca de um milhão e 700 mil pessoas aprenderam a ler e escrever, razão pela qual a Venezuela se declarou em 2005 livre do analfabetismo.

Por sua vez, a maior das Antilhas fortaleceu sua matriz energética com o respaldo do país que possui as maiores reservas de petróleo do planeta.

O foro permitiu igualmente revisar os instrumentos de cooperação existentes, assim como as bases para trabalhar em outros, alguns dos quais pudessem concluir-se no segundo semestre do ano em curso.

Segundo as partes, a intenção é avançar no desenvolvimento econômico e social dos dois países a partir de uma execução eficiente do combinado na Comissão.

Encontros entre líderes

O próprio Maduro informou à imprensa sobre seu encontro com o líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro.

Falamos com Fidel Castro durante cinco horas nas quais relembramos o comandante Hugo Chávez e a relação criada por eles que vai além de uma aliança estratégica, porque é entre irmãos, declarou pouco depois de tributar homenagem ao Herói Nacional Cubano, José Martí.

Maduro qualificou o líder da Revolução que triunfou em 1º de janeiro de 1959 de "um gigante, que esteve envolvido com as grandes causas da humanidade nos últimos 70 anos".

Logo depois de colocar uma oferenda floral ao prócer independentista cubano José Martí, o mandatário venezuelano foi recebido no Palácio da Revolução pelo chefe de Estado anfitrião.

Durante o encontro, os líderes dialogaram sobre os avanços da integração regional, notadamente a Alba e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), na qual Cuba exerce a presidência rotativa.

*Editor chefe da redação nacional de Prensa Latina.