Patriota pede compromisso para redução de armas nucleares

O ministro das Relações Exteriores Antônio Patriota defendeu, nesta segunda-feira (1º/7), que as autoridades mundiais reforcem a segurança nuclear devido às “consequências humanitárias catastróficas” do uso desses armamentos por “intenção ou acidente”. Patriota participa da Conferência Ministerial da Agência Internacional de Energia Atômica para Segurança Física Nuclear, em Viena, na Áustria.

Sobre a militarização, em geral, o chanceler ressaltou que, apenas em 2010, os gastos militares globais ultrapassam US$ 1,6 trilhão, o equivalente a US$ 4,6 bilhões por dia.

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Patriota reiterou que o Brasil busca avançar na área nuclear, preservando o desenvolvimento de pesquisas com segurança. “O Brasil adotou uma legislação nacional abrangente nesse campo, e é parte de todos os instrumentos internacionais relevantes na promoção da segurança nuclear e da supressão do terrorismo”, destacou o chanceler.

O ministro lembrou que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) é “o foro multilateral para conciliar as legítimas preocupações da comunidade internacional sobre a proliferação nuclear”.

Patriota apoiou as pesquisas nucleares com fins pacíficos, mas não citou o Irã especificamente, país que vem sendo alvo de acusações infundadas por parte de vizinhos como Israel e de potências como os EUA e a União Europeia, embora reitere frequentemente a sua disposição para as negociações e esclarecimentos sobre o tema e sobre os objetivos civis, e não militares, do seu programa nuclear.

“Também se deve estar ciente de que as preocupações com a segurança nuclear não podem ser invocadas para impedir o legítimo direito dos Estados de desenvolverem pesquisa, produção e uso da energia nuclear para fins pacíficos”, disse o chanceler.

“A segurança nuclear deve ser articulada no âmbito dos esforços da comunidade internacional em geral, para promover os objetivos do desarmamento nuclear, a não proliferação e o avanço dos usos pacíficos da energia nuclear,” ressaltou.

Compromissos internacionais

Patriota destacou que o esforço comum é a busca da paz. “[Devemos] buscar ativamente em nossos esforços multilaterais, destinados a promover uma paz sustentável, a segurança e o aumento dos níveis de bem-estar para cada país e para a humanidade como um todo”, disse ele.

“Não podemos ignorar que a existência de muitos milhares de armas nucleares constitui grande e imediata ameaça à paz e à segurança internacional, como à própria sobrevivência da vida na Terra.”

Durante a sua visita à Alemanha, o president dos Estados Unidos Barack Obama disse comprometer-se com os esforços de redução e, finalmente, a eliminação das armas nucleares. Entretanto, o Instituto de Pesquisas da Paz de Estocolmo (Sipri) recordou que não foi a primeira vez que o presidente Obama fez esse compromisso.

Além de os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não estarem fazendo o suficiente para a eliminação das armas nucleares, a situação internacional ainda tem sido posta nos termos da Guerra Fria, segundo o Sipri.

“Dado o ceticismo da Rússia com relação à posição de Obama, e os contínuos desacordos com relação à Síria, a probabilidade de um alinhamento Rússia-EUA nas reduções é estreita. Ao escolher a cidade-fronte da época da Guerra Fria, Berlim, como o lugar para fazer essa declaração [sobre a necessidade de reduzir as armas nucleares], Obama chegou o mais próximo que podia da Rússia, enquanto manteve-se ‘rodeado de amigos’”, disse o diretor do Sipri, Tilman Brück.

Com agências,
da redação do Vermelho