Maestro Jorge Antunes estreia ópera sobre Olga Benário

Uma das primeiras cenas da ópera Olga causa impacto: por um telão, desfilam momentos dramáticos da história do Brasil. Manifestações, polícia repressiva, o jornalista Vladimir Herzog enforcado, discursos de ditadores. Tudo em silêncio. Quando a música apoteótica tem início, a cena é transferida para uma prisão na Alemanha e, na sequência, para o sertão brasileiro, com direito a repente sobre a Coluna Prestes e figurino apropriado.

Olga Benário

Assim são apresentadas as duas pontas da história que entrelaça a vida do brasileiro Luís Carlos Prestes e da alemã Olga Benário. A ópera tem apenas três récitas no 3º Festival de Ópera de Brasília, que se encerra no domingo (7) na sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Pouquíssimo na avaliação do maestro Mateus Araújo, que rege a obra de Jorge Antunes, e dos cantores Martha Herr (Olga) e Adriano Pinheiro (Prestes).

Araújo rege a ópera pela primeira vez e está em Brasília há um mês. Desde que começou a trabalhar na partitura, está convencido de que Olga é a ópera mais importante já escrita em língua portuguesa e a mais relevante do século 20. “Estamos falando de uma ópera que teve 10 anos de gestação. É como se fosse o extrato mais profundo da essência de um povo. Temos aí um compositor que domina a história nacional e tem criatividade”, explica Araújo.

Professor da Universidade de Brasília (UnB) e pioneiro da música eletroacústica no Brasil, Antunes escreveu a ópera entre 1987 e 1997, mas apenas em 2006 pôde vê-la montada pela primeira vez no palco do Theatro Municipal de São Paulo, sob a direção de William Pereira.

Fonte: Correio Braziliense