Amorim foi inocentado de racismo mas é condenado por mídia

Não é de hoje que a grande mídia fabrica notícias. Nesta semana, a jornalista Mônica Bergamo sentenciou, em matéria publicada pela Folha de S. Paulo, o jornalista e blogueiro Paulo Henrique Amorim a  um ano e oito meses de reclusão. Mas o fato é que ele foi inocentado pelo crime de racismo e, pelo crime de injúria racial, o placar foi 2×1 e cabe recurso. A defesa de Paulo Henrique já afirmou que vai recorrer.

"A propósito de informações parciais e que refletem o desejo incontido de calar o ansioso blogueiro, a excelente advogada Maria Elizabeth Queijo informa importante decisão da Justiça de Brasília", diz PHA em seu blog, o Conversa Afiada.

A matéria da colunista da Folha de São Paulo foi publicada na quinta-feira (4) e amplamente reproduzida na mídia hegemônica, mesmo contendo pouca ou praticamente nenhuma informação sobre a decisão.

De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), a decisão de 2ª Instância é do dia 20 de junho e foi publicada na quarta-feira (3). Nela, a desembargadora Nilsoni de Freitas Custodio, da 3ª Câmara Criminal do TJ-DF,  relatora do caso, argumenta que Paulo Henrique cometeu crimes raciais e quando chamou o jornalista Heraldo Pereira, da TV Globo, de "negro de alma branca  e que "ele não conseguiu revelar nenhum atributo para fazer tanto sucesso, além de ser negro e de origem humilde". Acrescentou, ainda, que cometeu injúria ao dizer que o jornalista "se ajoelha" e "se agacha" perante o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. As afirmações foram feitas em 2009 no blog do jornalista, o Conversa Afiada.

"A acusação principal, de racismo, já foi afastada, em 1º e 2º grau. Sobre a injúria de racismo, é precismo lembrar que o Paulo Henrique Amorim questionou a postura do Heraldo Pereira que, por ser negro, não defendia na ocasião as políticas afirmativas de governo, como as cotas raciais. As afirmações do meu cliente foram feitas dentro de um contexto crítico. Ou seja, criticar um negro não necessariamente significa que se trata de racismo", argumentou ao Vermelho a advogada de PHA, Maria Elizabeth Queijo.

Portanto, assegurou que vai recorrer da decisão. "O Paulo exerceu o direito de crítica. Ele tem esse estilo muito contundente, irônico, cortante. Mas a história toda da vida dele é de defesa dos negros, das cotas, de políticas afirmativas. Soa estranho ser acusado dessas práticas", lembrou.A sentença proferida pela desembargadora cabe recursos na Câmara Criminal, do TJ-DF, onde corre o processo. Em outro processo movido pelo global Heraldo Pereira, na área cível, houve acordo entre as partes.

Paulo Henrique  Amorim, como outros blogueiros progressistas, vêm sendo alvo de processos em uma verdadeira cruzada da direita contra os espaços alternativos consolidados na internet para contrapor a direita e desmascarar a manipulação dos jornalões brasileiros que trabalham a serviço das elites. PHA é um dos militantes que defendem a luta pela democratização da comunicação a partir de uma nova legislação.

Da redação do Vermelho

(matéria atualizada às 16h54 em 5/7/13)