Aldo Rebelo: as obras não tiram recursos da área social
Desde 2007 o investimento federal em saúde e educação foi de 758,6 bilhões de reais; em estádios, para a Copa de 2014, foi de 7 bilhões (menos de 1% daquele total); deste total, 3,7 bilhões são empréstimos do BNDES, a serem pagos de acordo com as regras do banco. Leia entrevista exclusiva para o jornal A Classe Operária na qual o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, fala da importância da Copa do Mundo para o Brasil e garante: as obras não desviam recursos da área social do Orçamento da União.
Publicado 10/07/2013 15:23
Pergunta: Quanto dinheiro o governo investiu nas obras para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas, e em que condições?
Aldo Rebelo: O valor dos investimentos relacionados à Copa de 2014, até maio, conforme a Matriz de Responsabilidades, alcança R$ 28,1 bilhões, dentro da previsão de um total de R$ 33 bilhões. O governo federal arca com R$ 6,5 bilhões do orçamento da União, sobretudo para obras estratégicas nas 12 cidades-sedes incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); R$ 8,7 bilhões são para financiamento de obras de infraestrutura. Para construção ou reformas de estádios, o investimento global está previsto em R$ 7 bilhões, sendo R$ 3,7 bilhões financiados pelo BNDES. Esses valores, com um teto de R$ 400 milhões para cada um dos 12 estádios, como no caso do Itaquerão do Corinthians, deverão ser integralmente restituídos de acordo com as regras do banco para financiar grandes empresas privadas. O total corresponde a menos da metade dos empréstimos do BNDES a apenas duas empresas, o frigorífico JBS (R$ 3,5 bilhões) e a telefônica Oi (R$ 5,4 bilhões).
P: Esses recursos foram desviados de serviços sociais essenciais, como educação e saúde?
AR: Nem os recursos foram desviados das rubricas sociais do orçamento da União nem se pode comparar o volume dos gastos. Desde 2007, quando o Brasil obteve o direito de sediar a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, os investimentos em educação (R$ 311,6 bilhões) e saúde (R$ 447 bilhões) subiram enormemente, alcançando R$ 758,6 bilhões em seis anos. A maior parte dos investimentos relacionados à Copa – nada menos que 62% – estão concentrados em projetos de mobilidade urbana, segurança, telecomunicações e modernização de portos e aeroportos, reclamados pela população, que deveriam ser realizadas mesmo sem Copa e assim ficarão como legado social.
P: Quais os benefícios gerados para o país com os investimentos na Copa do Mundo e nas Olimpíadas?
AR: Os cálculos das consultorias Ernst & Young e Fundação Getúlio Vargas, no estudo Brasil Sustentável –Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo 2014, indicam que para cada real aplicado pelo setor público, 3,4 reais são investidos pela iniciativa privada. Cerca de R$ 142 bilhões adicionais circularão na economia brasileira no período 2010–2014, com geração de renda no valor de R$ 63,48 bilhões para a população e a arrecadação de R$ 11 bilhões de impostos. Está prevista a criação de 3,6 milhões de empregos. O efeito multiplicador de cada um desses fatores é imensurável.
P: O futebol é o grande cartão de visita do Brasil, fator de autoestima e de reforço da unidade e identidade nacionais. O Brasil volta a ser cenário das grandes disputas internacionais. Qual a importância delas para a afirmação de nosso país perante o mundo?
AR: A Copa do Mundo da Fifa e os Jogos Olímpicos são os dois maiores eventos esportivos do planeta, e bilhões de pessoas focalizam o local onde se realizam. Para o país-anfitrião é uma oportunidade única de exibir ao mundo suas potencialidades em todos os campos. Pretendemos realizar competições impecáveis, em 2014 e 2016, consolidando nossa imagem de país hospitaleiro, alegre e criativo, e ampliando as possibilidades de desenvolvimento que tanto almejamos em benefício do povo brasileiro.
Fonte: A Classe Operária, nº 53, julho de 2013