Sem categoria

Roque Tarugo: Organização pela base e partido revolucionário

O Partido tem que apostar no Institucional como tarefa principal? O Partido deve ou não saber dar a dose certa a sua atuação institucional. O partido deve ou não dar prioridade à organização da classe operária, e demais trabalhadores, como centro vital da organização política que servirá para a construção da revolução? A revolução socialista é parte ou não dos objetivos estratégico do Partido?
Por Roque Assunção da Cruz*

Portanto, se fazemos essas indagações aqui acima pontuadas é para fazermos o exercício fraterno de construção do partido que sirva para a construção do socialismo.

Olhar de frente a realidade, de forma séria e com rigor de classe buscando interpretá-la não é somente uma necessidade conjuntural ou estratégica para os comunistas, os marxista-leninistas; é um dever político de revolucionários. Encobrir erros, simplificar o que é grave, suavizar a situação objetiva e subjetiva existente em numerosos partidos comunistas, sendo um posicionamento totalmente errado é também uma traição aos ideais e patrimónios revolucionários constituintes legados por Marx, Engels, Lênin, Stálin, e João Amazonas, ideais e patrimónios aos quais entregaram o melhor de si sucessivas gerações e milhões de comunistas, em todos os continentes, desde há mais de um século.
Uma grelha de avaliação rigorosa é de construção relativamente simples, se para tal recorrermos aos eixos políticos e concepções ideológicas básicas, umas e outras definidoras da condição comunista. Dentre elas, podemos enunciar as seguintes:

– A existência das classes sociais, a exploração da força de trabalho e a luta de classes;

– O Estado, seus fundamentos e objetivos como instrumento de domínio de classe;

– A democracia e as suas componentes – política, económica, social, cultural;

– Imperialismo, o estádio atual do capitalismo, seu grau de internacionalização (globalização) e centralização;

– Política de alianças, sociais e políticas, suas qualidades e seus limites;

– A via para o socialismo e o comunismo, suas fases e etapas;

– Partido comunista, partido de classe, suas específicidades e identidades, características;

– Organização partidária, centralismo e funcionamento democráticos e a política de quadros;

– Base teórica e o papel da teoria, o materialismo histórico e dialético, na formação dos militantes e a sua aplicação e uso práticos;

– Revolução, um conceito subjetivo utópico ou um objetivo programático central;

A utilização deste conjunto de itens operativos, se usados para uma análise objetiva a cada partido, é um exercício trabalhoso e requer espaço e tempo, e, esse é o tempo de fazer esse exercício no processo congressual que estamos fazendo.

Tal propósito deve ser examinado para o fortalecimento revolucionário do nosso PCdoB, que desde a sua fundação em 25 de março de 1922, tem construído a sua história de existência na luta contra o Estado capitalista, no enfrentamento na luta teórica e na organização nas bases que os tem dado condições de resistir aos ataques das classes burguesas e seus aliados.

A luta do PCdoB é para as classes pobres controlem as riquezas produzidas pelos trabalhadores, acabando com os privilégios da burguesia.

Assim, para alcançarmos êxito na luta pela conquista do poder é indispensável a construção de um partido operário marxista-leninista com a missão de educar o proletariado, principalmente por meio de suas experiências de luta, para conquistar o poder e estabelecer o socialismo no Brasil. Como afirmou Lênin em sua frase célebre: “Deem-nos uma organização de revolucionários e revolucionaremos o mundo”. (Que Fazer?, Lênin)

Aos militantes do Partido Comunista do Brasil, cabe a histórica tarefa de colocar o centro dinâmico do crescimento do nosso partido na classe operária.

Para dar cabo desta tarefa e atender ao imperativo do caráter proletário da nossa revolução, todos os militantes devem empenhar-se, com o máximo de suas forças, para fazer crescer o partido na classe operária. Mas para aprofundarmos os vínculos com o proletariado, necessitamos ligar o Partido com os sindicatos, isto é, fazer ingressar rapidamente, o maior número possível de comunistas revolucionários nas empresas e nos sindicatos. Só com um trabalho sistemático dos comunistas nos sindicatos operários é possível aproximar as massas operárias do Partido e adquirir sua confiança.

Para a grande maioria do proletariado, os sindicatos são suas fortalezas, que os ajudam a defender o salário e a combater os abusos dos patrões. Aliás, como muito bem mostrou Lênin, a própria história da classe operária confirma essa verdade:

“O desenvolvimento do proletariado, porém, não se realizou, e nem podia realizar-se, em nenhum país de outra maneira senão por intermédio dos sindicatos e por sua ação conjunta com o partido da classe operária.” (Lênin, Esquerdismo, a doença infantil do comunismo, Editora Símbolo)

De fato, de todas as organizações de massas, os sindicatos são aquelas de que mais a classe operária participa e onde mais se mobiliza para lutar por seus direitos e reivindicações. Constitui, portanto, um enorme prejuízo para o Partido os militantes não compreenderem a importância da atuação nos sindicatos, e que para impulsionar a revolução é necessário que ingressem nos sindicatos e se apóiem neles sem que façam dele meios escusos que traiam a classe. Lênin, em seu importante trabalho Esquerdismo, doença infantil do comunismo, revelou o quanto a posição esquerdista de se ausentar dos sindicatos, alegando que seus chefes são reacionários, era errada. Vejamos:

“(…) Os comunistas alemães ‘de esquerda’ deduzem do caráter reacionário e contra revolucionário dos chefes dos sindicatos que é necessário … sair dos sindicatos!!, renunciar ao trabalho neles!!, criar formas de organização operária, novas, inventadas!! Uma estupidez tão imperdoável, que equivale aos melhores serviços que os comunistas podem prestar à burguesia.

Para saber ajudar as ‘massas’ e conquistar sua simpatia, adesão e apoio é preciso não temer as dificuldades, mesquinharias, armadilhas, insultos, perseguições dos chefes. “Além disso, devem trabalhar obrigatoriamente onde estejam as massas.” (Lênin, Esquerdismo, doença infantil do comunismo, Editora Símbolo)

Portanto, não atuar nos sindicatos significa abandonar as massas operárias, em particular as mais atrasadas, à influência desses oportunistas e reacionários; significa beneficiar a burguesia e sua dominação política e ideológica sobre o proletariado.

Mesmo nos sindicatos que dirigimos a vigilância deve ser permanente, para que não sucumbam os seus dirigentes ao canto da sereia, para que o trabalho não tenha então, uma queda ou mesmo seja interrompido, abandonando uma tarefa que é fundamental e decisiva para realizar a revolução: a conquista da classe operária. O resultado é que ficamos ainda mais distantes de alcançar nosso objetivo perante a classe operária.

Ora, o único critério que deve ser levado em conta para definir nossa atuação é o de trabalhar onde estão as massas e ganhá-las para a revolução. E, como provaram as constantes greves por salários, o número de sócios dos sindicatos, a grande maioria dos operários brasileiros continua a ver os sindicatos como uma organização de sua classe na luta contra os patrões capitalistas.

O Socialismo Vive!

*Roque Assunção da Cruz (Roque Tarugo). Militante do PCdoB em Salvador-BA