Direção da CTB debate conjuntura e aprova resolução política

Reunida nesta quinta-feira (18), na capital paulista, a Direção executiva da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) realizou debate sobre a conjuntura nacional e aprovou uma resolução política.

Na resolução, a direção da CTB deliberou sobre as manifestações de junho, o comportamento da mídia em hostilizar o movimento social, a tentativa de desestabilizar o governo Dilma, a Jornada de Lutas do dia 11 de julho, a conjuntura econômica, entre outros temas. Segue abaixo resolução aprovada na reunião sindical: 
 
Resolução política da Direção Executiva da CTB

O cenário político brasileiro mudou após as manifestações que sacudiram o país em junho, reunindo em seu auge, no dia 20, mais de um milhão de pessoas em dezenas de cidades, em sua maioria jovens trabalhadores e estudantes, que afluíram às ruas espontaneamente, à margem dos sindicatos, entidades estudantis e partidos políticos.

Os protestos contaram com amplo apoio do povo e da CTB e resultaram na redução dos preços das passagens em várias cidades. Mas a carência de uma direção firme e de uma pauta mais clara e definida abriu espaço para que forças de direita e extrema direita se infiltrassem no movimento com propósitos reacionários e golpistas.

Na ação orquestrada da direita neoliberal cumpre desatacar o comportamento da mídia burguesa, golpista e sempre muito hostil com os movimentos sociais, que inicialmente tomou posição contra as manifestações. Ao perceber a fragilidade das lideranças, mudou descaradamente de posição e passou a apoiar e convocar os atos, incitando o povo contra os movimentos sindicais e os partidos de esquerda.

Nas ruas, provocadores de extrema direita atuaram de forma organizada agredindo militantes de centrais sindicais e partidos políticos, provocando arruaça e vandalismo. O objetivo das forças reacionárias é desgastar e desestabilizar o governo Dilma de forma a interromper o ciclo de mudanças iniciado em 2003 e abrir caminho ao retrocesso neoliberal em 2014 ou, quem sabe, ao golpe militar. É preciso atentar para o contexto internacional de crise do capitalismo e de acirramento da luta política na América Latina, onde iniciativas golpistas foram observadas recentemente em vários países (Venezuela, Bolívia, Equador, Honduras e Paraguai), com apoio velado ou ostensivo do imperialismo estadunidense.

As centrais sindicais reagiram à conjuntura de forma unitária, em aliança com os movimentos sociais, realizando em 11 de julho uma grande manifestação nacional, com greve geral em várias cidades (como Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e Vitória) e atos nos 26 estados e no Distrito Federal. Foi uma intervenção organizada e consciente da classe trabalhadora, que agitou nas ruas suas bandeiras históricas (redução da jornada, fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias, não à terceirização, Convenção 158) e as reivindicações mais sentidas do nosso povo por mais investimentos no SUS, bem como na educação, em transporte público e reforma política.

Como era de se esperar, a mídia, burguesa e golpista, procurou desqualificar o protesto sindical, que foi avaliado como um grande êxito pelas lideranças. Novas manifestações serão realizadas e as centrais estão decididas a negociar com governo e patrões as reivindicações do movimento e realizar uma greve geral em setembro se as negociações não chegarem a bom termo.

A CTB orienta os sindicatos e entidades filiadas a ampliar a mobilização e conscientização das bases, debatendo a agenda da Conclat e dando atenção especial aos jovens trabalhadores, atraindo mentes e corações para a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, democracia e soberania. A voz das ruas clama por saúde pública, transporte público, educação pública em contraposição aos interesses e serviços privados. Em poucas palavras, o povo brasileiro quer mais Estado e menos mercado.

A nação demanda a realização urgente de reformas estruturais, o plebiscito da reforma política, que deve ser orientada para reduzir a influência do poder econômico e da corrupção nas campanhas eleitorais e nas instituições; a reforma tributária progressiva, com taxação das grandes fortunas e das remessas de lucros e redução do IRPF e dos impostos indiretos; reforma da mídia visando a democratização dos meios de comunicação e o combate ao monopólio exercido por meia dúzia de famílias capitalistas; reforma agrária; reforma urbana; reforma educacional; reforma do Judiciário.
É indispensável ampliar a unidade das forças progressistas. A CTB propõe a instalação de um fórum nacional reunindo as centrais sindicais, os movimentos sociais e os partidos de esquerda com o objetivo de debater uma plataforma comum e realizar uma grande mobilização nacional para avançar nas mudanças, combater e desmascarar a direita e barrar o retrocesso neoliberal.

Vai ficando a cada dia mais claro que para contemplar os interesses populares será preciso mudar a política econômica. A CTB reitera a crítica à política monetária comandada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que na semana passada promoveu nova alta dos juros e anuncia, na ata divulgada quinta-feira (17), novas elevações, a pretexto de combater a inflação.

Aliada ao câmbio flutuante e ao superávit fiscal primário, tal política serve apenas aos interesses da oligarquia financeira e é um imenso obstáculo ao desenvolvimento nacional e à valorização do trabalho. É nosso dever continuar lutando e mobilizando a classe trabalhadora pela redução dos juros, o fim do superávit primário, o controle do câmbio e do fluxo de capitais, a taxação das remessas de lucros; mais investimentos públicos em saúde, educação e valorização do trabalho.

São Paulo, 17 de julho de 2013

Direção Executiva Nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
 

Fonte: CTB