Análise deve averiguar se restos mortais são de Pablo Neruda

O juiz chileno Mario Carroza ordenou nesta terça-feira (23) ao Serviço de Medicina Legal a realização de testes de DNA para confirmar se os restos mortais exumados em abril correspondem ao poeta Pablo Neruda. A ordem insere-se no âmbito da investigação para apurar as causas da morte de Neruda e esclarecer se foi mesmo câncer ou se ele foi assassinado durante a ditadura de Augusto Pinochet. A investigação teve início em 2011, após a denúncia de homicídio feita pelo Partido Comunista do Chile.

Neruda afaga cão em sua residência

A denúncia foi conduzida depois de o antigo motorista de Neruda ter dito que o poeta tinha sido envenenado com uma injeção letal, quando estava internado na Clínica de Santa María, em Santiago do Chile.

Mario Carroza, encarregado da instrução do processo, explicou aos jornalistas que a ordem, dirigida ao Serviço de Medicina Legal, para a realização de peritagens, visa determinar, de forma científica, a identidade dos ossos. A decisão foi tomada a pedido do advogado Eduardo Contreras.

O corpo que se acredita ser de Neruda foi exumado, em 8 de abril, do túmulo onde se encontrava desde 1992, junto à sepultura de Matilde Urrutia, sua terceira esposa, frente ao mar, na Ilha Negra,  litoral chileno, a cerca de 120 quilômetros de Santiago.

O juiz indicou que a diligência será realizada de forma paralela aos resultados dos exames toxicológicos, que devem chegar da Espanha e dos Estados Unidos.

“Estamos oficiando o Serviço de Medicina Legal para identificar os seus restos com familiares mais próximos”, esclareceu. “Se o DNA não coincidir com o dos seus familiares, estaremos em condições de o confirmar, com amostras dos seus pais, que se encontram no sul do país”, acrescentou Carroza.

Os resultados dos primeiros exames, em maio, indicavam que o escritor tinha um câncer de próstata em estado avançado e com metástases. Segundo a versão oficial da sua morte, esta teria sido causada pelo avanço do câncer.

Pablo Neruda, que era militante do Partido Comunista e foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1971, morreu apenas 12 dias após o golpe militar que, em 1973, depôs o presidente Salvador Allende, de quem era amigo, e que levou ao poder Augusto Pinochet, instaurando uma ditadura brutal que durou até 1990.

Com informações do Público