Educação em Cuba: um modelo a ser seguido pelo mundo

A educação é um assunto de primeira ordem para todas as nações. Então por que no Brasil ela ainda carece tanto de recursos e estrutura? Para Roberta Traspadini, professora da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), a atual falência do modelo brasileiro de educação está diretamente relacionada à vitória do capital transnacional, uma herança da década de 1990.

Da Rádio Vermelho, com informações da Radioagência NP

Ao comparar o Brasil com Cuba, a pesquisadora avaliou que "o modelo educacional brasileiro é oposto de Cuba. O cotidiano manifesta, por si só, o fracasso da universalidade, gratuidade e supremacia do público no sistema educativo brasileiro, sendo oposto ao modelo cubano".

Segundo ele, relatório mundial da Unesco sobre educação em 2011, fez uma radiografia do sistema cubano e explicitou porque este país é um exemplo concreto para o mundo de uma educação exitosa.

"O artigo 205 da constituição cubana garante a educação pública, gratuita e de qualidade para todos os seus cidadãos, independente da posição socioeconômica na qual se encontram. Mas é o artigo 39 o que chama mais atenção, quando afirma três princípios básicos revolucionários de uma educação de qualidade: a. Garantia de avanço na ciência e na tecnologia; b. Referencial marxista e martiano de ser social que se pretende formar; c. Demarcação da tradição pedagógica progressista cubana e universal", esquadrinhou a pesquisadora.

Ainda segundo dados da Unesco, a população cubana é de 11.247.925, sendo que 2.193.312 matriculados nas respectivas faixas etárias educativas, 9.673 escolas públicas, 298.508 professores, 170 mil bolsistas, e 908 mil estudantes em escolas semi-internas. Entre 2010 e 2011, formaram-se 85.757 cubanos, 23,4% em cursos técnicos, 31,4% em ciências médicas, 14,9% em pedagogia, 9.9% em economia e 20,4% em outras áreas.

Roberta Traspadini explica que esses dados são r3esultado de um investimento que gira em torno de 30% do PIB cubano, que é de U$60 bilhões, com educação, saúde e garantias sociais.

E o caso brasileiro?

A pesquisadora aponta que, no caso do Brasil, o orçamento público de 2011 foi de aproximadamente R$1,5 trilhões. Deste total, 45% foram gastos com o pagamento de dívidas e amortizações e 3% foram gastos com educação, seja ela pública ou em parceria privada, segundo a auditoria cidadã da dívida.

"A educação pública virou um grande negócio. Cantinas terceirizadas, venda de uniformes e de materiais escolares, sucateamento da merenda escolar. Isto, somado à falta de recursos para a qualificação profissional e às péssimas condições da superexploração da força de trabalho, mostra a real face mercantil da educação pública brasileira", refletiu Roberta Traspadini.

Ouça a opinião da pesquisadora na Rádio Vermelho: