Centrais do RS entregam carta a Dilma por valorização do trabalho

A presidenta Dilma Rousseff recebeu dirigentes das centrais sindicais na manhã de sábado (10) depois da inauguração do Aeromóvel, no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS). Na ocasião, foi entregue para a presidenta o documento intitulado “Manifesto das Centrais Sindicais pela Valorização do Trabalho”.

“Cobramos da presidenta um posicionamento do Governo Federal, o mais urgente possível, a respeito da pauta de reivindicações apresentada pelas centrais sindicais no dia 6 de março, bem antes da paralisação nacional que ocorreu no dia 11 de julho. Reafirmamos as questões que dependem exclusivamente da Presidência da República, como o fim do Fator Previdenciário e uma política permanente de valorização dos aposentados”, relatou o presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor.

O dirigente informou ainda que “a presidenta afirmou que o governo está estudando uma fórmula que será apresentada na mesa de negociações pela comissão designada por ela para debater com as centrais” para ele isso demonstra que a iniciativa dos sindicalistas foi positiva.

Vidor explicou que também foi levantada a preocupação com o PL 4330 – que aumenta a terceirização e reduz os direitos trabalhistas – previsto para ser votado no Congresso Nacional nesta terça (13). “Solicitamos que esse Projeto de Lei não seja apoiado nesses termos”, disse.

O cetebista expressou que as reivindicações sindicais e sociais ainda precisam avançar no país. Ele avaliou positivamente o encontro "viu-se por parte da presidenta a disponibilidade não só de diálogo, mas de construir alternativas concretas a essa agenda entregue pelas centrais”, avaliou Guiomar Vidor.

Leia abaixo a íntegra do manifesto entregue para a presidenta Dilma:

Manifesto das centrais sindicais pela valorização do trabalho

Excelentíssima Presidenta da República, Senhora Dilma Rousseff

A CTB, CGTB, CUT, NCST, e UGT, entidades nacionais de representação sindical, com sedes e direções formalmente estabelecidas no Estado do Rio Grande do Sul, vêm respeitosamente, a Vossa Excelência reivindicar atenção especial à Classe Trabalhadora.

Lembramos que, em 06 de março deste ano, ocorreu A Marcha Sobre Brasília, ato unificado das Centrais Sindicais e dos Movimentos Sociais, que reuniu mais de 60 mil trabalhadores e trabalhadoras, ocasião em que os dirigentes sindicais, ao serem recebidos por Vossa Excelência, encaminharam-lhe documento contendo a pauta unitária dos trabalhadores.

No entanto, os veículos de comunicação silenciaram sobre esta gigantesca manifestação. Este fato, associado à falta de uma resposta concreta de seu governo e a completa omissão do Congresso Nacional em relação à pauta apresentada, resultou nos atos, paralisações e greves ocorridas em todo o país no dia 11 de julho e que poderão se repetir no dia 30 de agosto em todo território nacional.

Faz-se importante destacar que as questões de interesse da Classe Trabalhadora arrastam-se há décadas, como o Fim do Fator Previdenciário, a valorização das aposentadorias, a Convenção 158 da OIT e a Jornada de 40 horas semanais sem redução de salário. Contraditoriamente, medidas que beneficiam o setor empresarial são rapidamente despachadas ao Congresso Nacional, que, revela-se muito célere ao apreciar os projetos que resultam em perdas e graves danos aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Neste particular, destacamos dentre os tantos, o Projeto de Lei 4330/04 que, se aprovado, poderá significar a desregulamentação das relações trabalhistas, com a ampliação do processo de terceirização para todas as atividades desenvolvidas pela empresa, hoje permitida somente nas atividades meio, retira a responsabilidade solidária de garantia de direitos por parte da contratante, dos direitos do trabalhador contratado, e cria uma categoria de empregados de segundo escalão, com menos direitos e salários menores, tornando cada vez mais precárias as relações e as condições de trabalho. A questão é tão grave que, estudos do Dieese revelam que o trabalhador terceirizado recebe, em média, o equivalente a um terço do que ganha o contratado de forma direta. Além de ser tratado como um assalariado de “segunda classe”, este trabalhador discriminado, não tem acesso aos benefícios consagrados pelos acordos e convenções coletivas, negociados pela entidade sindical da categoria representada pela empresa contratante.

Diante deste contexto, precisamos que o Governo, através de sua decisão e da base parlamentar do Governo no Congresso, construa uma alternativa que Garanta a Responsabilidade Solidária da empresa contratante, proíba a terceirização na atividade fim do negócio e garanta a isonomia entre os trabalhadores.

É interesse das entidades sindicais estabelecer relações e diálogos mais estreitos com o Governo a fim de superarmos as divergências e nos irmanarmos na construção de um Projeto Nacional de desenvolvimento, que tenha por base a Valorização do Trabalho e a melhor distribuição da riqueza que é produzida por todos brasileiros.

Por fim, cumprimentamos mais uma vez Vossa Excelência, reafirmando que os trabalhadores e trabalhadoras sabem ser gratos e reconhecerão sempre o bem que lhes é feito.

Porto Alegre, 10 de agosto de 2013.
 

Fonte: CTB-RS

(texto e foto)