Mercosul divulga na internet arquivo sobre ação de ditaduras

Em um esforço de especialistas de países do Mercosul, foi publicado na internet um roteiro para acessar arquivos sobre ações repressivas coordenadas de países do Cone Sul, mais conhecidas como Plano Condor ou Operação Condor. 

Agora, com as informações ao alcance do público, será possível indagar sobre a articulação de tarefas de espionagem e repressão das ditaduras dos países do Cone Sul do continente, diz a informação da agência de notícias argentina Telam.

Elaborado pelo Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul (IPPDH), com sede em Buenos Aires, o roteiro remete até o momento a informações sobre como acessar 115 arquivos de documentos de 71 instituições da Argentina, do Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai.

As informações podem ser consultadas na página do IPPDH.

O Plano Condor foi uma sinistra operação secreta que a CIA executou em conluio com as ditaduras sul-americanas, inclusive a brasileira, para exterminar quem tivesse ideias progressistas, e inclusive seus familiares e amigos, vítimas inocentes do que foi, talvez, o capítulo mais obscuro da história dos países da região.

A publicação dos documentos na internet foi concebida para dar apoio ao "Grupo Técnico de obtenção de dados, informação e levantamento de arquivos das coordenações repressivas do Cone Sul e em particular da Operação Condor".

Essa equipe funciona na órbita da Comissão Permanente de Memória, Verdade e Justiça da Reunião de Altas Autoridades de Direitos Humanos e Chancelarias do Mercosul e Estados Associados, assinalou a agência Telam.

O diretor do Ippdh, Victor Abramovich, ressaltou a ajuda dada pelos governos, em especial dos presidentes Néstor Kirchner e Cristina Fernandez, durante a última década, na obtenção da memória e da verdade.

"É diferente construir memória enfrentando o Estado do que tendo o Estado como aliado. Era impossível pensar na sistematização desta informação sem instituições que de dentro do Estado se mobilizassem para buscá-la", argumentou.

Não obstante, se bem que os países incluídos no roteiro para acesso aos documentos na internet desenvolveram importantes avanços em matéria de acesso à informação pública, ainda subsistem alguns obstáculos para a consulta de arquivos, advertiu Abramovich.

Desde 5 de março passado se realiza na Argentina um julgamento sobre a cumplicidade entre ditaduras, no qual 25 ex-militares são acusados de executar o Plano Condor nesse país.

Em 17 de maio passado começaram a depor as testemunhas do processo que unifica quatro causas referentes a um total de 108 casos contra crimes de lesa-humanidade e violação dos direitos humanos.

Estima-se que o julgamento durará no mínimo dois anos, estando previsto que cerca de 500 testemunhas deponham sobre os fatos arrolados.

Organizações dos direitos humanos e organismos que se dedicam à restituição da memória e da verdade condenaram o fato de que durante a última ditadura na Argentina morreram e desapareceram cerca de 30 mil pessoas.

Fonte: Prensa Latina

Tradução da Redação do Vermelho