PC da China adverte quadros contra ideologia capitalista

O Partido Comunista da China (PCCh) fez em abril, em um documento reservado, advertências a seus quadros para que abram os olhos contra o que chamou de sete correntes subversivas que atingem atualmente a sociedade chinesa, segundo artigo publicado nesta terça-feira (20) pelo diário estadunidense The New York Times.

Segundo o jornal, a advertência do PCCh foi feita em um documento interno, o Documento N.º 9, assinado pelo atual presidente da china, Xi Jinping.

As sete correntes que tencionam subverter o poder na China e destruir o Partido Comunista, segundo o documento, são a democracia constitucional burguesa ocidental, a promoção por parte de agentes ocidentais dos chamados "valores universais" dos direitos humanos, a promoção de uma mídia controlada pela burguesia, a participação "cívica" ardentemente pró-neoliberal, importada do exterior, assim como críticas niilistas ao passado do PCCh.

Embora a direção atual do PCCh tenha exortado o país a "aprofundar" as reformas, foi iniciada também uma enérgica campanha, a da "Linha de Massas", no sentido de reforçar a disciplina e aumentar a credibilidade do partido no país

As advertências feitas no documento aos quadros mostram, segundo o diário americano, que o partido "teme" que uma suposta desaceleração na economia faça eclodir um desconforto na população contra alguns dos males existentes atualmente na sociedade chinesa, fornecendo combustível para maiores mudanças liberais e de direita dentro do partido.

"Forças ocidentais hostis à China e dissidentes internos estão agindo de forma desintegradora na esfera ideológica", afirma o jornal estadunidense, dizendo também que o documento, editado em abril deste ano, ainda não foi publicado. O New York Times diz que teve acesso a um dos documentos e o mostrou a quatro fontes próximas ao partido, inclusive um editor de um dos jornais do PCCh para verificar sua originalidade.

O documento mira os argumentos contra aqueles que trabalham contra o PCCh, dizendo que atrapalharam as investigações sobre denúncias de corrupção ao espalharem boatos na Internet, trazendo descontentamento popular contra o partido e o governo.

Jornais chineses têm feito denúncias consistentes sobre as formas ocidentais da "democracia burguesa" nos últimos meses, o que para o New York Times é uma evidência de que as advertências feitas pelo Documento N.º 9 foram ouvidas por esses meios.

Segundo a publicação, os liberais infiltrados no partido estão desapontados com as advertências feitas no documento. Agora temem que o partido retome um caminho à esquerda, após a divulgação recente da campanha de retificação, para disciplinar melhor o PCCh e também após a adoção de uma política que defende o legado deixado por Mao Tsé Tung. Para o NYT, prova disso foi a visita de Xi a um local histórico onde Mao anunciou mudanças no partido nos anos 1950.

Nesta terça a imprensa chinesa também deu destaque ao discurso de Xi, feito durante uma conferência nacional sobre o trabalho de propaganda em Pequim, pedindo maior iniciativa neste campo, para garantir "uma direção política correta" ao surgirem grandes questões relacionadas a princípios.

O secretário-geral do Comitê Central do PCCh, disse também que mais esforços devem ser feitos para ajudar o quadro de funcionários e a população a traçar uma linha clara entre o correto e o errado.

O líder disse que os funcionários e os quadros envolvidos no trabalho de publicidade e ideologia devem segurar a postura política correta, e promover de maneira resoluta as decisões importantes feitas pelo Comitê Central do PCCh.

Em um artigo recente, o Diário do Povo, jornal do PCCh, teceu mais críticas às formas burguesas de exercício do poder, afirmando que o "constitucionalismo pertence somente ao capitalismo".

Para embasar a sua afirmação, o Diário do Povo denuncia a ação dos EUA por trás dos que defendem o conceito no país. "É uma arma de guerra psicológica usada pelos magnatas do capitalismo monopolista americano e seus aliados na China para subverter o socialismo chinês".

A ação estadunidense provavelmente está inserida no quadro atual de espionagem cibernética, prática denunciada pelo ex-funcionário terceirizado da Agência Nacional de Segurança (NSA) e da CIA, Edward Snowden, agora refugiado em Moscou e que recentemente passou pela China, tendo ficado hospedado recentemente em Hong Kong.

Com informações do The New York Times e da Rádio Internacional da China