CES realiza seminário com análise da crise e papel do Brics

Nos dias 21 e 22 de agosto, ocorre o seminário “Panorama da Conjuntura Internacional: Análise da crise global, impactos e perspectivas – o papel do Brics”. A atividade é organizada pelo Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES) e se realiza no auditório Elis Regina, no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo-SP.

A primeira mesa, sob o tema “Análise da crise e seus impactos diferenciados, a situação política e econômica da União Europeia”, teve a participação de sindicalistas de várias partes do mundo que debateram sobre a situação daquele continente.

A mesa, que foi moderada pela coordenadora do CES, Gilda Almeida, contou com a presença do coordenador da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN) , João Torres; do grego Zarianopoulos Sotiris que falou pela Frente de Todos os Trabalhadores Militantes (Pame) e pelo País Basco, Igor Urrutikotxea, representando a central sindical LAB. 

As contradições do sistema capitalista, o poder das multinacionais, a desvalorização do trabalho e do trabalhador foram as experiências compartilhadas pelos palestrantes com os cerca de 300 participantes no encontro, que ocorre até a próxima quinta (22), no Anhembi.

Crise na Europa

João Torres afirmou que os países europeus se consideravam mais desenvolvidos, mas com os governos neoliberais de direita a situação tornou-se insustentável, para ele um dos princiais motivos que levaram à crise foi a subordinação da política deixando de lado os interesses nacionais ele citou como exemplo a criação do Banco Central Europeu (BCE) , da Troika que, em sua avaliação, tornou os países dependentes. “Isso vai contra os interesses da população”, exclamou.

O português informou sobre os índices de históricos de desemprego, o país registra a 3ª maior taxa da União Europeia, a diminuição dos salários e pensões e também o Tratado de Lisboa, documento assinado em 2007 com o objetivo de unificar a legislação europeia. “Foi um ofensiva feita nas costas dos trabalhadores, para reforçar o poder das grandes potências no continente, este tratado ataca os direitos trabalhistas”.

Neste sentido o grego, Zarianopoulos Sotiris, acrescentou a Grécia sofreu sérias consequências. “Mais de 60% dos jovens estão desempregados, a maioria dos trabalhadores não recebem salários há meses”, disse.

Frente a todos essas ofensivas Torres afirmou que é preciso ampliar a solidariedade entre os trabalhadores e no movimento sindical e informou que desde 2010 foram feitas cinco greves gerais convocadas pela CGTP-IN, que levaram cerca de 3 milhões de portugueses às ruas. “O povo vai decidir seu destino”, declarou.

Por sua vez, o representante do País Basco, Igor Urrutikotxea, afirmou que para que haja uma mudança social é preciso aperfeiçoar o sindicalismo ele também denunciou a privatização do setor público.

O sindicalista também denunciou mudanças nas leis trabalhistas que fazem com que mesmo doentes tenham que ir trabalhar, prejudicando assim sua saúde. “Na Europa a expectativa de vida está diminuindo”, alertou.

Igor acredita que é preciso refundar o modelo sindical na Europa, ele informou que desde 2009 houve seis greves gerais no país e que estão trabalhando na elaboração de uma Carta de Direitos Sociais, em defesa dos trabalhadores.

Para ele experiências como o Encontro Sindical Nossa América (ESNA), que reúne organizações de diversos continentes, são fundamentais para a acumulação de forças e a defesa das bandeiras da população.

Já, Zarianopoulos Sotiris, disse que nos últimos anos o país teve 32 greves gerais apoiadas pela frente sindical para ele é fundamental a organização dos trabalhadores, pois as potências continuarão suas guerras para garantir seus mercados.

Mesa 2

A segunda mesa de trabalhos do Seminário “Panorama da Conjuntura Internacional”, organizado pelo Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES), teve como tema, na tarde desta quarta-feira (21), o papel do BRICS, bloco de nações constituído por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A mesa foi coordenada por José Adilson, membro da Executiva Nacional da CTB. O primeiro palestrante foi o professor André Martin, livre-docente em Geografia da Universidade de São Paulo (USP). Segundo o estudioso, os países que compõem o BRICS já começam a pautar uma nova geopolítica mundial, obtendo nos últimos anos a capacidade de conter a ganância dos países chamados “desenvolvidos”.

Por sua vez, o sindicalista congolês Joseph Anatoli, a partir de agora o BRICS terá a responsabilidade de abranger outras nações, em especial as africanas, que também lutam pelo desenvolvimento. Para ele, é preciso que os governos dos cinco países deixem suas diferenças de lado para obter avanços. “E, fundamentalmente, os trabalhadores dessas nações precisam enfrentar e minimizar essas divergências”, completou.

Nova geopolítica

Divanilton Pereira, dirigente da Executiva da CTB, iniciou sua palestra destacando o título da segunda mesa do Seminário: “A transição para uma nova geopolítica mundial, o papel do BRICS; Valorização do Trabalho e Soberania Nacional”. Segundo ele, no mundo atual está em curso uma transição que deixa de lado um cenário de unipolaridade e que passa a apresentar um panorama de multipolaridade. “Trata-se de uma nova circunstância política acelerada pela crise mundial do capitalismo”, afirmou.

Diante dessa nova ordem, o dirigente da CTB entende que os países periféricos, como Brasil e China, devem assumir uma nova posição no xadrez geopolítico mundial. “O BRICS não pode ser desprezado pela classe trabalhadora, por conta de seu papel anti-hegemônico. Temos que atuar nesse cenário, disputando a valorização do trabalho”, defendeu.

Xesus Moncho Noan, dirigente sindical da Galícia, contribuiu para a discussão com o ponto de vista de um europeu a respeito do BRICS. Ele destacou o caráter heterogêneo das nações que compõem a União Europeia, minimizando sua influência futura na geopolítica mundial. “Sua composição se dá a partir de um viés mercantil, baseada em uma lógica neoliberal”, afirmou.

Continuidade dos trabalhos

A mesa sobre os BRICS finalizou os trabalhos do primeiro dia do Seminário. Confira abaixo as a programação do segundo dia:

9h – Continuação do Seminário

MESA 3 – Perspectivas e Desafios de Integração da América latina (CELAC, UNASUL, ALBA) Como os trabalhadores podem intervir neste processo?

Moderador João Batista Lemos.

Intervenções:

• Professor Eugênio Rezende de Carvalho, Universidade Federal de Goiás.

• Encontro Sindical Nossa América.

• Secretária para as Américas Federação Sindical Mundial

• Central Bolivariana Socialista de Trabalhadores da Venezuela.

• Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru.

11h – MESA 4 – A Luta pelo Socialismo no século XXI

Moderador Joilson Cardoso

Intervenções:

• Representantes de organizações sindicais da Bolívia, Cuba, Venezuela, Vietnã e Brasil.

13h30 – Almoço – Centro de Convenções do Anhembi.

16h – Abertura 3º Congresso Nacional da CTB

19h – Jantar – Centro de Convenções do Anhembi.

22h – Show artístico cultural com a sambista Leci Brandão.


Fonte: Portal da CTB