Chanceler francês defende "reação com força" a denúncias na Síria

O ministro das Relações Exteriores francês Laurent Fabius declarou, nesta quinta-feira (22), que a comunidade internacional precisa "responder com força", se for provado que o Governo de Bashar al-Assad é responsável pelo ataque com armas químicas contra civis, conforme alegações feitas pela oposição. O posicionamento do ministro seguiu-se à reunião de emergência em que o Conselho de Segurança disse ser preciso "cautela" sobre o tema.

Exército sírio em Homs - EPA / The Telegraph

O Conselho de Segurança da ONU pediu “uma clarificação” sobre as alegações da oposição de um ataque com armas químicas perto de Damasco, na Síria, que teria sido perpetrado pelas Forças Armadas do governo. As denúncias foram feitas pela Coalizão Nacional das Forças da Revolução e da Oposição Síria (CNFROS), apoiada por diversos países do Ocidente e da vizinhança síria, declaradamente favoráveis à derrubada ilegal do presidente Assad.

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A Rússia e China, segundo a agência Reuters, garantiram à reunião uma linguagem mais neutra. Ambos têm procurado reafirmar o respeito pela soberania da Síria contra a ingerência exterior, comprovadamente improdutiva e politicamente motivada em diversos casos, como a invasão do Iraque.

O ministro francês não entrou em pormenores, mas reprisou a posição da França, que é reconhecidamente de maior apoio à oposição síria, ainda que com limites. “É preciso haver uma reação com força da comunidade internacional na Síria, mas não estamos falando de enviar tropas para o terreno”, afirmou Fabius, ainda que o caráter intervencionista seja patente, sem espaço para o diálogo e para a investigação compromissada das denúncias, também feitas pelo governo contra os rebeldes.

“Se o Conselho de Segurança não consegue tomar uma decisão, é preciso agir de ‘outra forma’”, declarou Fabius, deixando a frase apenas na “sugestão”, embora a sua recente intervenção militar no Mali (norte da África), à margem da ONU (ou seja, sem a sua permissão), possa dar uma ideia sobre o posicionamento intervencionista francês.

A França e o Reuno Unido foram os primeiros países a exigirem que os enviados da ONU, que entraram no país há três dias, possam visitar as 11 localidades da região de Ghutta, nos arredores de Damasco. "Imediatamente", defendeu a Liga Árabe, que também tem interferido na política interna da Síria, ao apoiar abertamente a CNFROS contra o governo de Assad. "A confirmarem-se estas informações, é um crime aterrador", declarou por seu lado a chanceler alemã, Angela Merkel.

Cabe lembrar, entretanto, que a equipe de peritos da ONU está no país a convite e em acordo com o governo do presidente Bashar Al-Assad, para investigar as alegações sobre o uso de armas químicas. O governo também acusa os grupos armados que atuam no país, com o apoio bélico e financeiro de alguns vizinhos e do Ocidente, de usarem estes recursos contra os civis.

Damasco classificou os alegados ataques como "ilógicos e fabricados", mas os inspetores da ONU reuniram-se com as autoridades sírias para discutir a questão e a investigação dos eventos, “sem desviar a atenção” da missão inicial.

A reação da França, que contará com o apoio do Reino Unido e da Alemanha, é emblemática, uma vez que estes países, assim como os Estados Unidos, defenderam a todo momento o apoio aos grupos armados no combate contra o governo do presidente Assad, em uma clara ingerência nos assuntos internos do país e afastado a convocatória ao diálogo político feito tanto pelo governo quanto pela Rússia, China e outros países.

A ingerência estrangeira tem minado permanentemente qualquer possibilidade de diálogo entre o governo e esta parte da oposição, já que outros grupos opositores têm mantido conversações políticas com o governo e participado de iniciativas significativas, como a própria revisão constitucional.

Com agências,
Da redação do Vermelho