América Latina luta pela eliminação total das armas nucleares

 A única maneira de garantir que a humanidade não sofrerá nunca mais o terrível impacto das armas nucleares é sua proibição e eliminação total, ressaltou Cuba nesta quinta-feira (22) em um importante foro sobre desarmamento nuclear realizado em Buenos Aires, Argentina. A presidenta Cristina Fernandez também defendeu esta posição, ao discursar no encerramento da conferência.

A postura cubana foi reiterada pelo subdiretor de Assuntos Multilaterais da Chancelaria da ilha, Rodolfo Benítez, perante a Conferência Geral do Organismo para a Proibição das Armas Nucleares na América Latina e Caribe (Opanal).

O representante cubano ressaltou também o uso exclusivo com fins pacíficos do material e das instalações atômicas submetidas à jurisdição das partes, ao tempo em que insta a proibir e impedir as provas, o uso, a fabricação, produção ou aquisição, por qualquer meio, de todo armamento nuclear.

"O desarmamento nuclear não pode continuar sendo um objetivo continuamente adiado e relegado", disse o representante cubano, que exortou a Opanal a fixar prazos concretos para sua implementação completa, verificável, irreversível e transparente.

Benítez alertou que "a humanidade continua em grave risco de ser aniquilada, devido à existência de mais de 17 mil armas nucleares".

Só o emprego de uma parte ínfima desse enorme arsenal teria consequências catastróficas para nosso planeta e os países, não importa sua localização geográfica, advertiu.

De acordo com o especialista cubano, com os enormes recursos que hoje são dedicados aos armamentos, incluindo os atômicos, seria possível combater a pobreza extrema de que hoje padecem 1,4 bilhão de pessoas no mundo.

Além disso – afirmou – seria possível alimentar os mais de um bilhão de famintos que existem no mundo, evitar a morte das 11 milhões de crianças que morrem a cada ano por fome e enfermidades que poderiam ser prevenidas, ou ensinar a ler e escrever os 759 milhões de adultos analfabetos.

Participaram no encontro delegados de 33 países do Hemisfério Ocidental, além de representações de outras regiões livres de armas nucleares e de organizações da sociedade civil vinculadas a este relevante assunto.

A Conferência Geral da Opanal, que pela primeira vez se realizou na Argentina, insistirá em assegurar a ausência de armas nucleares na região, aplicar o que está definido no Tratado de Tlatelolco, contribuir para a não proliferação desses meios de extermínio em massa e promover o desarmamento geral e completo.

Na terça-feira passada (20), teve lugar, também na capital argentina, uma reunião da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), cuja presidência temporária é exercida por Cuba. A reunião aprovou uma declaração dos 33 estados membros que exige a eliminação das armas atômicas e que põe este bloco multilateral à frente dessa exigência mundial.

Posição da Argentina

A presidenta da Argentina Cristina Fernández disse no encerramento da conferência que "para a Argentina é fundamental preservar o Atlântico Sul como uma região de paz e livre de armas nucleares", ao encerrar em Buenos Aires um foro internacional sobre a eliminação do armamento atômico.

"O Atlântico Sul é uma região de paz com diversas histórias e realidades e, apesar disso, coexistimos pacificamente e sem agressões", destacou a mandatária e exigiu manter a área como uma zona de paz e livre de meios de extermínio em massa.

A mandatária lançou um chamamento às grandes potências, para evitar a crescente presença de armas nucleares do Reino Unido nas Ilhas Malvinas, que Londres insiste em continuar armando, alertou.

"Um dos membros da Otan, a Grã Bretanha, continua ocupando posições coloniais em nossas ilhas Malvinas e não respeita as resoluções das Nações Unidas", disse a presidenta.

Ela denunciou que "se insiste em seguir armando as ilhas frente a um país que mostrou sua vocação pacífica e que ademais não conta com o poder ofensivo para enfrentar o poderio britânico".

"É até um tema de senso comum, não há intenção de agredir ninguém, contudo se insiste em enviar submarinos nucleares ao Atlântico Sul, uma região completamente desnuclearizada", advertiu.

"A única coisa que demandamos é que todos os países que integram a ONU tenham o mesmo respeito por cada uma das resoluções que emanam do pleno", reclamou Cristina Fernández.

A presidenta sugeriu que na política se pode fazer qualquer coisa, menos ignorar a realidade, e nesse sentido destacou que desde a presidência do Conselho de Segurança da ONU, que a Argentina ocupa este mês, "demandamos uma liderança responsável no mundo", enfatizou.

Cristina Fernandes reiterou a exigência de que se avance na reforma de organismos internacionais tais como a Organização das Nações Unidas e de seu Conselho de Segurança, a fim de democratizá-los.

"Quando se quer solucionar um conflito e dá a alguém o direito de veto, seguramente o conflito não se soluciona. Estamos em um mundo complicado, com má leituras, e se vê uma impotência das grandes potências para solucionar conflitos que estão sangrando a humanidade", disse a mandatária.

Nesse sentido, também defendeu a reforma de organismos multilaterais de perfil econômico como o Fundo Monetário Internacional. O desafio diante do futuro é repensar a função dessas instituições no mundo, manifestou.

A presidenta argentina opinou que a história continua, apesar das constantes mudanças no mundo, e assegurou que "já não há perigo de holocausto nuclear, mas sim de um holocausto social, por isso temos que nos armar, mas de novas ideias".

Fonte: Prensa Latina

Tradução do Blog da Resistência.