Acordo com a Venezuela contribui para independência palestina

O exemplo internacionalista do ex-presidente e líder bolivariano Hugo Chávez está sendo implementado concretamente também para a Palestina. Diários latino-americanos citados pelo portal Middle East Monitor (MME), nesta terça-feira (27), informaram que a Venezuela e a Palestina assinaram um acordo energético que prevê a venda de petróleo será a “preço justo” para os palestinos, com vantagens mais abrangentes.

Hugo Chávez Gaza - Radio Islam

O convênio de cinco anos inclui o treinamento para o tratamento e distribuição do petróleo, assim como formas favoráveis de pagamento, semelhante ao que acontece no âmbito da aliança Petrocaribe, promovida pela Venezuela com os vizinhos caribenhos.

Os chanceleres Elias Jaua, da Venezuela, e Riad al-Maliki, da Palestina, assinaram o acordo em Caracas, capital venezuelana, no final de semana. Al-Maliki afirmou, na ocasião, que a proposta reflete o empenho da Venezuela na cooperação e solidariedade, e também ajudaria na redução da dependência da Autoridade Palestina com relação a Israel, na importação de combustível.

De acordo com o diário mexicano El Economista, citado pelo MME, o chanceler palestino disse que “a Venezuela está continuando o legado do falecido presidente Hugo Chávez, que sempre declarou o seu apoio ao povo palestino, e o mesmo comprometimento está sendo, agora, expressado pelo presidente Nicolás Maduro”.

Os países e governos progressistas da América Latina têm expressado regularmente o seu apoio aos palestinos, efetivado através do reconhecimento da Palestina como Estado observador não-membro na Assembleia Geral da ONU, em novembro de 2012. O único país independente da América do Sul que não votou favoravelmente pelo reconhecimento, na ocasião, foi a Colômbia (a Guiana Francesa, que ainda é uma colônia da França, é outra exceção).

Em setembro de 2011, um exemplo do empenho de Chávez na denúncia contra a ocupação israelense da Palestina e dos interesses imperialistas no Oriente Médio foi a carta que ele enviou ao secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, para afirmar o apoio do seu país a um Estado da Palestina livre, soberano e independente. “A causa palestina representa um desejo constante e irredutível de resistir, já escrito na memória histórica da condição humana”, afirmou.

Chávez teria escrito, na mesma carta, em reação às acusações de que são alvos os que criticam o regime israelense: “Quero me fazer claro: Uma coisa é denunciar o antissemitismo, e outra totalmente diferente é aceitar passivamente que o sionismo bárbaro imponha um regime de segregação ao povo palestino. De um ponto de vista ético, quem denuncia o primeiro, precisa condenar o segundo”.

Em 2009, Chávez foi o primeiro presidente latino-americano a reconhecer o Estado da Palestina, esforço pelo qual o Brasil também se empenhou ativamente, advogando entre os vizinhos pela mesma causa, a partir do reconhecimento que declarou em 2010, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Após a elevação do nível da Palestina pelas Nações Unidas, no ano passado, a Venezuela e a Palestina assinaram acordos no âmbito da saúde, educação, cultura e turismo, assim como na eliminação da necessidade de vistos para palestinos que queiram viajar ao país.

“Nicolás Maduro está abraçando claramente a luta de Chávez pelos direitos dos oprimidos e afirmando o apoio da Venezuela aos palestinos”, afirma o artigo do MME, que ressalta ainda a possibilidade de este tipo de acordos contribuírem para uma maior autonomia da Autoridade Palestina, inclusive na política e na economia internacional, ao permitir posturas mais firmes contra as exigências e condicionantes israelenses em período de negociações, por exemplo.

Com Middle East Monitor,
Da redação do Vermelho