Cresce repúdio internacional ao ataque à Síria proposto pelos EUA

A Venezuela e o Irã declararam, neste domingo (1º), que farão os esforços necessários para que o Movimento dos Países Não-Alinhados (Mnoal) se una às tentativas internacionais para impedir um ataque militar à Síria, como foi anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

O chanceler venezuelano, Elías Jaua, e seu colega do Irã, Mohammad Javad Zarif, decidiram acionar o Mnoal em uma conversa telefônica na qual "concordaram na posição comum de rejeição total à intervenção militar na Síria e a qualquer outro tipo de intervenção fora dos preceitos do Direito Internacional”.

Leia também:
Planos de agressão contra a Síria pelos EUA datam de 2006
Maduro envia carta para Obama pedindo a paz na Síria
Síria insta ONU a impedir intervenção e Obama busca aval interno

América Latina contra intervencionismo

O princípio de soberania e não-intervenção foi ressaltado pelos mandatários dos 12 países reunidos durante a 7ª Reunião Ordinária do Conselho de Chefes de Estado e de Governo da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), na sexta-feira (30). O bloco emitiu uma declaração contrária a qualquer ataque estrangeiro à Síria antes que se conheçam as conclusões da comissão investigadora de armas químicas da ONU a respeito do suposto ataque químico atribuído ao governo de Bashar al-Assad.

Presidente temporária do Conselho de Segurança da ONU, a Argentina também se pronunciou oficialmente rejeitando qualquer ataque militar à região. O país propôs a "possibilidade de uma intervenção humanitária sem fins ou meios militares e com mandato" das Nações Unidas.

Na mesma linha, na última quarta-feira (28), o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, também se declarou "profundamente contrário às intervenções militares". Insulza esclareceu que não falava em nome da OEA, que ainda não se reuniu para tratar do tema.

Individualmente, diversos países latinos também se pronunciaram de maneira contrária à ação proposta pelos Estados Unidos. O mandatário venezuelano, Nicolás Maduro, tem dado constantes declarações neste sentido e foi um dos mais incisivos defensores de que a Unasul tomasse uma decisão conjunta em Paramaibo, capital do Suriname, onde a cúpula do bloco esteve reunida.

O Ministério brasileiro das Relações Exteriores, por sua vez, em um comunicado reiterou, na semana passada, que "não estão dadas as condições para uma solução militar estrangeira, já que, apesar do tempo transcorrido e de centenas de milhares de vítimas, não foram colocados em prática os mecanismos previstos no Direito Internacional" e pontuou que uma ação militar "apenas agravará a situação".

O governo boliviano de Evo Morales também rejeitou uma intervenção militar, assim como "o uso de agentes químicos”.

Petróleo é o grande objetivo

Durante entrevista concedida na semana passada, o presidente do Equador, Rafael Correa, asseverou que esse tipo de invasão é um pretexto para os Estados Unidos se apoderarem do petróleo da mesma forma que aconteceu há 10 anos na invasão ao Iraque, quando o pretexto foi a existência de armas de destruição massiva e bombas químicas.

“Agora eles querem invadir a Síria, atentar contra um Estado soberano, envolver-se em um conflito interno. Com o mesmo discurso de 10 anos atrás. É proibido esquecer, aprendamos com a história. Que credibilidade esses países têm? Se já o fizeram antes em função de seus interesses, porque além do milhão de mortos no Iraque, além de ter invadido um país soberano com um falso argumento, repartiram entre eles o petróleo. Vejam quem possui o petróleo iraquiano agora. Então não podemos ser ingênuos”, insistiu Correa.

Em nota divulgada pelo ministério de Relações Exteriores, nesta segunda-feira (2), Cuba pede que “os membros do Conselho de Segurança cumpram seu mandato de impedir qualquer rompimento da paz e detenham uma intervenção militar que ameace a segurança internacional nessa volátil região do mundo”.

E à Assembleia Geral, “compete a responsabilidade de deter a agressão, ainda mais quando é previsível que o Conselho de Segurança, perante a proeminência dos Estados Unidos neste órgão, não possa tomar uma decisão. A Assembleia, no exercício de suas faculdades, deve ser reunida com caráter urgente e tomar as medidas imprescindíveis”, diz o texto.

O líder cubano Fidel Castro lembrou que o interesse pela Síria reside no fato de que "todos os membros da Otan, aliados incondicionais dos Estados Unidos e alguns poucos países petroleiros aliados ao império naquela zona do Oriente Médio, garantem o abastecimento mundial de combustíveis".

Da Redação do Vermelho,
com agências