EUA seguem sem apresentar provas de que Síria usou armas químicas

Sem apresentar até hoje nenhuma prova que incrimine o governo sírio pelo suposto uso de armas químicas, os Estados Unidos persistem na intenção de bombardear esse país, ignorando a ONU e a opinião pública.

Dias atrás, o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Muallem desafiou os acusadores a nível internacional a que apresentassem apenas uma prova contra o governo do presidente Bashar al-Assad.

Da Rússia, o presidente Vladimir Pútin exigiu que Washington exponha perante o Conselho de Segurança da ONU as supostas provas contra a Síria para que sejam analisadas e tomadas as ações correspondentes pelo único órgão internacional com poderes para agir nestes casos.

Tanto o presidente Barack Obama como o secretário de Estado John Kerry, entre outros altos encarregados da administração estadunidense, sustentam suas acusações baseados em hipotéticas "comunicações interceptadas entre funcionários sírios de alto nível" e a suposta observação de "pessoal militar se movendo por Damasco".

Especialistas estadunidenses, citados pelos meios de imprensa, reconheceram no dia 29 de agosto que faltam "evidências decisivas" para demonstrar que as autoridades sírias ordenaram um ataque com gás no dia 21 de agosto em Ghouta Oriental, na periferia de Damasco.

Acossada ainda pelo fantasma da guerra do Iraque (2003), iniciada sob o pretexto de supostas armas de extermínio em massa que nunca apareceram, a opinião pública estadunidense se mostra em sua maioria contrária a qualquer ataque militar na Síria.

Segundo uma pesquisa conjunta entre a agência Reuters e Ipsos, mais de 60% dos estadunidenses acha que Washington deve ser mantido à margem do conflito sírio; apenas 9% pede que Obama aja.

Ainda que com a quase nula referência na imprensa internacional que repercutiu de imediato o hipotético ataque químico perto de Damasco, grupos opositores armados admitiram recentemente terem sido os responsáveis pelo fato, realizado para culpar o governo sírio e ameaçar com uma ataque militar.

Assim afirma uma reportagem de Dale Gavlak, correspondente da agência Associated Press, que explicou dias atrás que a morte de civis em Ghouta Oriental ocorreu devido a uma má manipulação de agentes tóxicos em poder dos grupos mercenários.

Depois de múltiplas entrevistas com residentes e rebeldes dessa zona, a repórter revelou também que as armas letais foram enviadas pelo chefe dos serviços de Inteligência da Arábia Saudita, Bandar Bin Sultán.

Os artefatos, alguns "com uma estrutura de cano" e outros como "uma enorme garrafa de gás", segundo detalhou o artigo, estavam destinados inicialmente à Frente al-Nusra, ligada à rede terrorista Al-Qaida que opera na Síria.

No entanto, a facção, pouco experiente neste tipo de armas, recebeu-as, manipulou-as erroneamente e causou as explosões, detalhou.

Não nos disseram que tipo de armas eram, nem como usá-las, se queixou uma combatente à correspondente, que foi identificada como "K".

Não podíamos imaginar que eram armas químicas. Quando o príncipe Bandar (chefe da Inteligência saudita) as entregou, deveria ter feito a quem sabia como as usá-las, se queixou.

Desde um primeiro momento, o governo da Síria assegurou que não tem responsabilidade alguma sobre o ataque.

As autoridades detectaram há poucos dias um armazém clandestino perto da capital com produtos tóxicos e letais nos quais se pode ler a inscrição Made in Saudi Arabia (Feito na Arábia Saudita).

A operação para invadir o depósito, segundo fontes oficiais, custou a vida de um coronel e afetou meia centena de militares, devido às emanações dos gases no local.

"Um insulto contra o bom senso", foi como qualificou o presidente Bashar al-Assad as acusações de que seu governo usou essas armas, enquanto advertiu que a Síria jamais se dobrará a nenhum país nem será um fantoche do Ocidente.

O premiê Wael al-Halaki explicou que tais invenções só se devem à resistência mantida pelo povo durante os mais de dois anos de conflito e as evidentes e contínuas vitórias do Exército Árabe Sírio contra os grupos mercenários treinados, financiados, equipados e respaldados pelos mesmos que tentam invadir a Síria, assegurou.

Fonte: Prensa Latina