Pútin julga absurdo o suposto uso de armas químicas pela Síria

O presidente russo, Vladimir Pútin, reiterou nesta quarta-feira (4), em entrevista a uma emissora de televisão moscovita, que considera uma ideia absurda um ataque químico das forças governamentais sírias quando estão alcançando vitórias, principalmente porque isto pode levar a sanções e inclusive a uma agressão.

Pútin afirmou em declarações ao Primeiro Canal que Moscou só estará convencida após uma profunda investigação e com a presença de dados que sejam evidentes e demonstrem claramente quem usou as armas químicas e as substâncias que foram usadas.

Reiterou suas dúvidas com relação ao pretexto dos Estados Unidos para justificar uma iminente agressão contra Damasco.

"Caso seja determinado que foram os rebeldes que empregaram armas de destruição em massa, o que farão os Estados Unidos? Que farão com eles seus patrocinadores? Deixarão de equipá-los com armamentos? Iniciarão operações militares contra eles?", perguntou.

Conclamou Washington e seus aliados ocidentais a não tomarem medidas unilaterais contra a Síria pois ainda não há dados exatos sobre o uso de armas químicas.

"No mínimo, é imprescindível esperar os resultados das investigações realizadas pela comissão de inspetores da ONU", enfatizou.

Pútin reconheceu que poderia aceitar a operação militar estadunidense se tivesse provas irrefutáveis de que Damasco utilizou os arsenais proibidos.

No entanto, destacou que de acordo com o Direito Internacional vigente, apenas o Conselho de Segurança das Nações Unidas pode autorizar uma ação militar contra um Estado soberano.

"São inaceitáveis e só podem ser qualificadas como uma agressão outras causas e pretextos justificativos do uso da força contra um país independente e soberano", recordou.

Questionado sobre a decisão de alguns países de se afastarem da operação militar contra a Síria, o chefe do Kremlin manifestou elogios.

"Surpreendeu-me, sinceramente, porque achava que no Ocidente tudo era feito de acordo com princípios de certa uniformidade, mas essa situação demonstra que não é assim", observou.

"Existem pessoas que valorizam sua soberania, analisam a situação e têm a coragem de tomar decisões favoráveis aos interesses de seus próprios países e de defender seu ponto de vista", acrescentou Pútin.

"Tais divergências demonstram que o mundo realmente se fortalece em sua multipolaridade", concluiu o chefe do Estado mais extenso do planeta e um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

Fonte: Prensa Latina