Em pronunciamento, Dilma reafirma "pactos" para o País avançar 

A presidenta da República, Dilma Roussseff, fez na noite desta sexta-feira (6) um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV por ocasião do 191º aniversário da independência nacional, que transcorre neste 7 de setemro.

A prática de celebrar o Dia da Independência com um pronunciamento à nação é comum entre os presidentes brasileiros. No ano passado, Dilma anunciou a redução dos preços da energia elétrica para residências e indústrias. Neste ano, a presidenta se referiu aos pactos que propôs à nação durante as manifestações juvenis e populares de junho e julho últimos. 

Já na abertura do seu pronunciamento, Dilma vinculou as celebrações do aniversário da independência com a luta por mudanças em que seu governo se encontra empenhado: “Hoje, nosso Grito do Ipiranga é o grito para acelerar o ciclo de mudanças que, nos últimos anos, tem feito o Brasil avançar”.

A presidenta reafirmou a luta de seu governo para enfrentar os desafios da crise mundial do capitalismo. “Apesar da delicada conjuntura internacional, nossa economia continua firme e superando desafios. Acabamos de dar uma prova contundente. No segundo trimestre fomos uma das economias que mais cresceu no mundo (…) Falharam mais uma vez os que apostavam em aumento do desemprego, inflação alta e crescimento negativo. Nosso tripé de sustentação continua sendo a garantia do emprego, a inflação contida e a retomada gradual do crescimento”.

Dilma citou o crescimento continuado do emprego como exemplo do cenário positivo. “O emprego continua crescendo. Já geramos 900 mil vagas este ano e mais de 4 milhões e 500 mil desde o início do meu governo”.

Um dos problemas mais delicados da conjuntura econômica são as “oscilações bruscas do dólar”. Segundo a presidenta, essas oscilações decorrem de alterações da política monetária americana, que afetam todos os países, “exigindo cuidados”. Otimista, a mandatária acha que há sinais de que “o pior já passou”.

Dilma se referiu à insatisfação de amplas camadas da população que se expressou nas manifestações de junho e julho últimos. “Eu sei tanto quanto vocês que ainda há muito a ser feito. O governo deve ter humildade e autocrítica para admitir que existe um Brasil com problemas urgentes a vencer, e a população tem todo o direito de se indignar com o que existe de errado e cobrar mudanças”, afirmou, mesmo fazendo a ressalva de que “não podemos aceitar que uma capa de pessimismo cubra tudo e ofusque o mais importante”, pois, “o Brasil avançou como nunca nos últimos anos”.

Reconhecendo que o Brasil ainda é um país “com serviços públicos de baixa qualidade”, Dilma voltou a fazer um chamado pela união em torno dos “cinco pactos”, que propôs em resposta às reivindicações manifestadas nas ruas, “para acelerar melhorias na saúde, na educação e no transporte, e para aperfeiçoar a nossa política e a nossa economia”.

Dilma considera que já há resultados a comemorar. “O Pacto da Educação” – disse – “já garantiu 75% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação”. E comemorou: “Esse será um dos maiores legados do nosso governo a gerações presentes e futuras, e vai trazer benefícios permanentes à população brasileira por um período mínimo de 50 anos”.

De acordo com a presidenta, há progressos também na realização dos pactos do transporte público, da reforma política e combate à corrupção. Para ela, deu-se “um bom passo” com a proposta de decreto legislativo para a realização do plebiscito.

Dilma deteve-se no pacto da saúde e no programa Mais Médicos, que em sua opinião “está se tornando realidade”, e cujos resultados serão sentidos pela população pobre que mora na periferia das grandes cidades, nos pequenos municípios e nas zonas mais remotas do país.

Dilma enfrentou os argumentos falsos em torno do programa Mais Médicos. “O Brasil tem feito e precisa fazer mais investimentos em hospitais e equipamentos, porém a falta de médicos é a queixa mais forte da população pobre. Muita morte pode ser evitada, muita dor, diminuída, e muita fila, reduzida nos hospitais, apenas com a presença atenta e dedicada de um médico em um posto de saúde.
A vinda de médicos estrangeiros, que estão ocupando apenas as vagas que não interessam e não são preenchidas por brasileiros, não é uma decisão contra os médicos nacionais. É uma decisão a favor da saúde”, asseverou, insistindo em que “o país ainda tem uma grande dívida com a saúde pública e essa dívida tem que ser resgatada o mais rápido possível”.

Considerando que o país vive um “momento que exige coragem e decisão em todos os sentidos”, a mandatária enfrentou em seu pronunciamento outra questão sensível e polêmica – as parcerias com o capital privado para alavancar a produção de petróleo e obras de infraestrutura. “Ainda este mês, vamos fazer novos leilões de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Esses leilões vão injetar bilhões e bilhões na economia, gerando centenas de milhares de empregos. Vamos também leiloar, em outubro, um imenso campo de petróleo do pré-sal, o Campo de Libra. Para vocês terem uma ideia, ao longo dos últimos cem anos de exploração do petróleo no Brasil, acumulamos, de reservas, 15 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Vejam vocês, só o Campo de Libra tem um potencial de reserva entre 8 a 12 bilhões de barris equivalentes de petróleo. Para sua exploração será exigida grande mobilização de recursos, como, por exemplo, a construção de 15 a 17 plataformas. Assim, vamos estimular toda a cadeia produtiva e gerar milhares e milhares de empregos”.

Dilma vinculou os êxitos na exploração petrolífera a ganhos na área social. “Os royalties das áreas já em exploração e daquelas descobertas neste e em outros campos vão gerar recursos gigantescos para a educação. Mais creches, alfabetização na idade certa, escolas em tempo integral, ensino médio profissionalizante, mais vagas em universidades, mais pesquisa e inovação, e professores mais preparados e bem remunerados, tudo isso requer mais investimentos e recursos. Devemos transformar a riqueza finita do petróleo em uma conquista perene da nossa sociedade. A educação é a grande estrada da transformação, a rota mais ampla e segura para o Brasil seguir avançando e assegurando oportunidades para todos, o verdadeiro caminho da independência”, concluiu.

Da redação