Autoridade Palestina pede ao Egito reabertura da passagem a Gaza

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas pediu ao Egito, nesta segunda-feira (16), a reabertura da passagem de Rafah, entre a Faixa de Gaza e os territórios egípcios. A passagem é a única via entre a Faixa e o mundo externo, o que explica a grave situação humanitária em que o território está, desde a imposição de um bloqueio militar por Israel, em 2007. O Egito fechou a passagem devido ao aumento de confrontos com grupos extremistas na península do Sinai fronteiriça. 

Túnel de Gaza - AFP

Em um encontro mantido com o chefe dos Serviços de Inteligência do Egito,
Mohamad Farid al-Tuhami, o presidente palestino detalhou as distintas formas com que o fechamento da passagem afetou estudantes, enfermos e as atividades humanitárias em geral. Da sua parte, al-Tuhami prometeu resolver a situação dentro de alguns dias.

No mesmo dia, dezenas de estudantes palestinos reuniram-se na passagem bloqueada há seis dias (em episódio recorrente), para exigir a sua reabertura.

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Na quarta-feira passada (11), as autoridades egípcias voltaram a fechar a passagem após a condução de atentados fatais na península do Sinai, território egípcio que faz fronteira com a Faixa de Gaza. A autoria dos atentados é atribuída a grupos islamitas que atuam na região, e que atacam postos militares do Egito frequentemente. 

O governo de Gaza, liderado pelo movimento de resistência islâmica Hamas, já declarou ser contrário aos episódios de violência contra as tropas egípcias, indicando que os grupos armados atuam independentemente.

Ainda assim, o Exército egípcio empreendeu campanhas de destruição de túneis que dizem servir para o trânsito de combatentes quanto para a transferência de armas (mesmos argumentos usados por Israel para as ofensivas militares), embora os túneis também sirvam à importação de materiais básicos (remédios, alimentos e materiais de construção, por exemplo) e à movimentação das pessoas.

O Egito deve reabrir a passagem de Rafah na quarta ou quinta-feira (19) para permitir o acesso de assistência humanitária, além de autorizar aos alunos que participem em suas aulas.

Em julho, a Organização Árabe para os Direitos Humanos advertiu sobre a deterioração da situação humanitária do território sitiado de Gaza, e denunciou a intensificação do assédio após a destituição do presidente egípcio, Mohammed Mursi, no começo do mesmo mês.

O fato de Mursi integrar a Irmandade Muçulmana havia trazido imensas expectativas à população de Gaza (governada pelo partido islâmico Hamas) sobre um novo papel do Egito no conflito árabe-israelense, com apoio mais incisivo à causa palestina contra a ocupação e o bloqueio militar de Israel.

Desde junho de 2007, quando o Hamas passou a governar a Faixa de Gaza (após confrontos com o partido Fatah, que governa a Cisjordânia, resultante de desacordos sobre as eleições de 2006), o regime israelense impôs o bloqueio militar terrestre, marítimo e aéreo ao território, impedindo os cidadãos de se movimentarem livremente, limitando extremamente as importações (inclusive de suprimentos básicos) e dificultando as atividades econômicas, como a pesca e as exportações.

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho