Faixa de Gaza denuncia agravamento de condições humanitárias

O governo da Faixa de Gaza declarou, nesta quarta-feira (18), que sofre de uma escassez severa de alimentos, remédios e combustível. O governo interino do Egito intensificou as operações de destruição dos túneis entre a Faixa de Gaza e a península do Sinai egípcia, alegando “lutar contra o terrorismo”, repetindo o argumento de Israel, em suas próprias operações. Os túneis são usados para a importação de suprimentos básicos ao território palestino sitiado, e as condições humanitárias agravam-se.

Pastores da Faixa de Gaza em túneis - Emad Nassar / APA imagens

O fechamento frequente da passagem de Rafah, que liga Gaza ao Egito, deixa o território palestino completamente dependente da quantidade limitada de recursos que Israel permite importar, até mesmo de assistência humanitária. A destruição dos túneis subterrâneos, que serviam para contornar o bloqueio militar, tem mantido uma situação calamitosa no território.

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Oficiais palestinos advertiram os postos de gasolina para reduzirem seus horários de funcionamento devido ao racionamento do combustível. O fornecimento de energia programado também foi revisto, e muitos residentes terão eletricidade por apenas oito em cada 24 horas. Geradores têm sido usados para contornar a falta de energia, mas a falta de combustível significa que esta não é mais uma opção.

“Os residentes da Faixa de Gaza estão resignados com o seu destino. Muitos desistiram da comunidade internacional que, reclamam eles, ignora completamente o seu apelo”, afirma um artigo do portal Middle East Monitor (Memo).

O governo da Faixa de Gaza, citado pelo Memo, afirma que mais de 9.500 residentes, inclusive 4.500 alunos, pacientes e cidadãos estrangeiros precisam viajar urgentemente, mas são impedidos pelo fechamento da passagem de Rafah.

Além disso, a maior parte dos serviços médicos de Gaza foi suspensa devido à escassez de medicamentos, que precisavam ser trazidos pelos túneis subterrâneos desde o território egípcio, embora o governo israelense afirme permitir a entrada de uma quantidade limitada de assistência humanitária através das passagens entre o seu território e o palestino.

Condições humanitárias agravadas

Uma série de outras condições graves foi relatada pelo governo de Gaza, como o despejo de esgoto ao mar, uma vez que as suas plantas de filtração pararam de funcionar devido à falta de combustível e eletricidade, assim como a suspensão de cirurgias médias não urgentes e a filtração de água de 250 poços e 25 armazéns, o que prejudica a capacidade de oferecer água potável à maior parte das residências.

Projetos de construção como a de diversas unidades habitacionais e de pavimentação rodoviária foram suspensos também devido à escassez de materiais, e dezenas de fábricas deixaram de funcionar com a falta de combustível e eletricidade.

As medidas do governo interino do Egito, liderado pelo Exército desde a deposição do presidente Mohammed Mursi, da Irmandade Muçulmana, têm sido criticadas pelo governo de Gaza, gerido pelo partido islamita Hamas, e pela própria Autoridade Palestina, que pede uma mudança de posição.

Entretanto, as operações de destruição dos túneis, assim como o fechamento da passagem de Rafah, além de resultarem dos confrontos entre as forças egípcias e grupos islamitas radicais que atuam na península do Sinai, se demonstra como punição ao governo do Hamas, que foi acusado de cooperar com a Irmandade Muçulmana no Egito para operar os túneis de “contrabando”.

De acordo com o Memo, o antigo ministro da Eletricidade do Egito, Osama Kamal, deu uma entrevista televisiva em que saudava a medida egípcia de fechar uma planta de energia em Gaza, que consumia cerca de dois milhões de litros de diesel e gasolina por mês, a maior parte “contrabandeada desde o Egito”.

Kamal acusou autoridades da Irmandade Muçulmana no Egito, que tinham posições “sensíveis” no governo, de ajudar o Hamas no “contrabando”, mas o movimento palestino baniu os contrabandistas que geriam os túneis ainda antes da intensificação do cerco à Faixa de Gaza, e depois permitiu o transporte de comida, combustível e remédios, além de outros bens essenciais, de acordo com o Memo.

Com Middle East Monitor,
Da redação do Vermelho.