Preservar o Cerrado é dever de todo socialista 

O debate em torno do meio ambiente e da sustentabilidade está na ordem do dia da pauta internacional. As graves alterações climáticas, as crises no fornecimento de água devido à falta de chuva e da destruição dos mananciais, alertam sobre o futuro da vida no Planeta.

Por Fernando Mousinho* 

Cenário nefasto cuja responsabilidade reside na origem dos modelos de desenvolvimento economicamente insustentáveis e socialmente excludentes, baseados na emissão de gases de efeito estufa (GEE) proveniente principalmente da queima de combustíveis fósseis (gás natural, petróleo e carvão natural), de desmatamentos e do uso irracional da terra.

Os recursos da natureza são pilhados em benefício de uma minoria, enquanto os custos sociais da degradação ambiental penalizam e põem em risco a existência da humanidade.

E disso a realidade histórica brasileira é exemplar, dos idos da exploração colonial do pau-brasil, passando pela cana de açúcar e pela mineração, até os dias de hoje. Um dos maiores países do mundo em extensão, o Brasil é celeiro de inúmeros recursos naturais de fundamental importância para o Planeta.

São florestas tropicais e biomas como o Pantanal, o Cerrado, a Caatinga, a Mata Atlântica, o Pampa e o Pantanal. Além de concentrar a maior reserva de água doce do mundo (cerca de 12%) e uma ampla e diversificada fauna.

Porém, ao mesmo tempo, a degradação ambiental, a fome a miséria, a injustiça social, a violência, a mobilidade urbana deficitária, a educação, a saúde e a baixa qualidade de vida de grande parte da população são fatores que estão fortemente relacionados aos modelos cíclicos de desenvolvimento brasileiro.

Portanto, nesse contexto, nós socialistas, neste mês de aniversário do Cerrado, consideramos de bom alvitre render-lhe uma especial e merecida homenagem. Não apenas caracterizá-lo como bioma, mas, sobretudo, apontar sua importância vital para a sobrevivência humana e as formas de protegê-lo.

O Cerrado brasileiro ocupa uma área correspondente a 24% do território nacional, está presente em 11 Estados e é a segunda maior formação vegetal da América do Sul, perdendo apenas para a floresta amazônica.

No Cerrado está 78% da bacia do Araguaia-Tocantins, 48% da bacia do Paraná-Paraguai e 47% da bacia do rio São Francisco.

É uma das savanas tropicais mais ricas em espécies do mundo, com 12.000 espécies de plantas e 28% do total de espécies animais registradas no país.

O Cerrado, hoje, responde por 35% de toda a produção de grãos no País e mais de 70% da produção de carne bovina.

Porém, contraditoriamente, é o bioma brasileiro que está entre os mais ameaçados do mundo. Os vetores dessa ameaça incluem desde a ocupação de terras devolutas da União até a caça e o contrabando de animais e espécies vegetais, o desmatamento e as queimadas para produção de carvão (inclusive com a escravização de crianças), para o plantio de cana de açúcar e soja e a pecuária extensiva. Além da contaminação do solo por agrotóxico, a emigração estimulada e a especulação voraz do mercado imobiliário.

Por conseguinte, partindo do princípio que a sociedade é a continuação da natureza, consideramos missão primeira de todo socialista neutralizar os impactos, promover a conservação, a restauração, a recuperação e o manejo sustentável do nosso patrimônio ambiental, com especial atenção para Cerrado.

*Assessor técnico da Liderança do PSB na Câmara dos Deputados