Visita de Maduro à China: Nova vitória da diplomacia venezuelana

Mais de 24 horas durou a primeira viagem do presidente Nicolás Maduro à China, concluída nesta segunda-feira (23). O avião II-96 da Cubana de Aviación saiu de Caracas na noite de quinta-feira, 19 de setembro, e chegou a Pequim no sábado (21), às 10h da manhã.

Por Axel Alejandro Rodríguez Rodríguez*, no Cuba Debate

A gritante negativa inicial dos Estados Unidos sobre a solicitação de sobrevoo do espaço aéreo porto-riquenho, que Washington controla pelo absurdo status de Estado Livre Associado desta ilha caribenha, não impediu a realização da visita, mas sem dúvida a tornou mais difícil.

A agenda do líder bolivariano no gigante asiático foi intensa e sua estadia ali projetou uma imagem superior aos excelentes vínculos bilaterais que caracterizam a relação entre ambos os países. Fraternidade, cooperação e harmonia foi o saldo de cada atividade que participou a delegação venezuelana, que pode constatar concretamente como inspira no povo chinês a mais absoluta solidariedade e respeito.

Maduro se reuniu com a alta direção política e administrativa do gigante asiático e com a cúpula empresarial, aos quais ratificou a mensagem de que a Venezuela continua sendo mercado seguro para os investimentos das empresas chinesas e plataforma para sua expansão pela América Latina.

Os resultados em material comercial forma alentadores. A comitiva venezuelana conseguiu, na 12ª Comissão Mista, a assinatura de 24 acordos em áreas como segurança cidadã e energia elétrica, ambas são prioridades estratégicas do governo de Maduro. Também firmaram importantes compromissos na questão petroleira; agrícola; industrial; mineira; de moradia; transporte e acessibilidade; assim como adquiriram financiamento de 5 bilhões de dólares para projetos de desenvolvimento econômico.

Contudo, a visita transcendeu o político-econômico e como parte da continuidade do legado do ex-presidente Hugo Chávez, no que se refere a pensamento filosófico do sistema socialista. Em Pequim, Maduro propôs iniciar um diálogo bilateral sobre “a nova cultura civilizadora do socialismo para este século e para o futuro, onde se respeitem as distintas visões que existem na América Latina e Europa”, de maneira que a aliança bilateral permitirá a continuidade do trabalho conceitual necessário e que requer uma formação econômica e social para se impor como modelo superior ao decadente capitalismo atual.

Para aqueles que fizeram ecoar o contexto da doença letal da qual compadeceu o comandante Chávez; ou falaram da suposta decisão chinesa de abster-se de continuar sua estreita relação com a Venezuela, porque a morte do líder bolivariano derivaria em uma instabilidade interna e na aproximação forçada de Caracas a Washington; e ainda para os que não souberam interpretar as visitas de Elías Jaua, Jorge Arreaza, Rafael Ramírez e Diosdado Cabello à Pequim, nos últimos seis meses; assim como a estancia de quase uma semana do vice-presidente chinês na Venezuela; os resultados desta vigem de Nicolás Maduro não podem significar mais que um balde de água fria.

Não resta dúvida que mais adiante, as relações bilaterais cobrarão novas energias e se ampliarão para outras áreas. Seu caráter estratégico para ambos os países aprofundará a aliança bilateral, com o crédito adicional para a China, que irá continuar consolidando sua presença na região, disputando, cada vez com maior protagonismo, a proeminência estadunidense no que resta de seu “quintal natural”.

Se a visita de Maduro nos permitiu espreitar esta realidade latino-americana que, nos próximos 20 anos vai oferecer um panorama marcado pela diminuição significativa da hegemonia ianque na região, então a longa viagem valeu a pena.

*Axel Alejandro Rodríguez Rodríguez é licenciado en Direito e candidato a mestre em Relações Internacionais.

(Tradução: Théa Rodrigues, da redação do Vermelho)