Rohani: “O Irã não representa nenhuma ameaça para o mundo”

Em discurso na abertura dos debates da 68ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (24), o presidente da República Islâmica do Irã, Hassan Rohani, afirma que seu país não representa nenhuma ameaça para a paz.

“O Irã não representa nenhuma ameaça para o mundo, já que tanto em seus ideais como na prática é um firme defensor da paz e segurança mundiais”, assegurou Rohani. 

As massivas propagandas anti-islâmicas e anti-iranianas são, adverte, "uma nova ameaça contra a estabilidade mundial e a segurança do ser humano", referindo-se aos esforços das potências ocidentais para mostrar o Irã como uma “ameaça” para o mundo.

Rohani assinala que as recentes eleições presidenciais no Irã significaram a “cristalização da democracia”, tornando este país numa “âncora de estabilidade no mar revolto de distúrbios regionais”.

Por outro lado, o presidente da nação persa comparou o belicismo e o uso da força contra os demais países no mundo de hoje com "exemplos falidos de modos de atuar, já antiquados para as novas circunstâncias”.

O chefe do Executivo iraniano também denunciou a divisão do mundo entre países "superiores" e "inferiores", onde os valores ocidentais são considerados ideais mundiais. 

Referindo-se à questão palestina, o líder persa denuncia que o país árabe está submetido a "uma ocupação" e "uma violência estrutural", de base, uma vez que os “crimes que são perpetrados contra o povo palestino representam uma violência institucional que nem o termo 'apartheid' pode abarcar".

Igualmente, o presidente iraniano insiste em que o conflito na Síria não se resolverá pela via militar e o uso da força só agravará a crise.

“A maior ameaça para a região seria que os extremistas se apoderassem das armas de destruição em massa”, adverte o mandatário iraniano, e por isso “nós, além de condenarmos o uso de armas químicas (na Síria), estamos plenamente de acordo com a adesão da Síria à Convenção sobre Armas Químicas (CAQ)”.

Voltando ao tema nuclear do Irã, Rohani repetiu que esta questão se solucionará sempre e quando se reconheçam os direitos deste país ao uso da energia nuclear pacífica, e reprova as sanções unilaterais do Ocidente contra o Irã por ser "um símbolo da violência", além de ser algo contrário à paz e à humanidade, já que prejudicam em especial a população. Não obstante, a nação iraniana está aberta a um diálogo destinado a gerar confiança mútua e acabar com todas as ambiguidades e inquietações, assegurou.

O Irã não pretende agravar as tensões com os Estados Unidos, por isso o presidente instou seu homólogo estadunidense a não se deixar levar pelo belicismo dos grupos de pressão, e possibilitar a criação de um marco para a gestão das divergências.

"As armas nucleares e outros armamentos de destruição em massa não têm cabimento na doutrina defensiva iraniana, além de serem uma contravenção às nossas convicções fundamentais, religiosas e éticas", repetiu Rohani.

Finalmente, o presidente iraniano propôs que a ONU inclua em sua agenda o plano "O mundo contra a violência e o extremismo".

Ativismo diplomático

Nesta mesma linha de ativismo diplomático, o ministro de Assuntos Exteriores do Irã, Mohamad Yavad Zarif, manteve na terça-feira encontros com seus homólogos alemão e russo, Guido Westerwelle e Serguei Lavrov, respectivamente, em Nova York.

Os titulares das Relações Exteriores destes três países abordaram temas cruciais como a energia nuclear iraniana, os diálogos entre o Irã e o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China, mais a Alemanha), a crise síria e o fortalecimento dos vínculos bilaterais e multilaterais.

O ministro iraniano, depois de se entrevistar também com a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, informou sobre uma reunião prevista para a quinta-feira (26) entre o Irã e o G5+1 em Nova York. 

A delegação do grupo será formada pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, assim como por seus homólogos William Hague (Reino Unido), Laurent Fabius (França), Serguei Lavrov (Rússia), Wang Yi (China) e Guido Westerwelle (Alemanha).

A comitiva iraniana será composta pelo chanceler persa, Mohamad Yavad Zarif; o vice-ministro para Assuntos Jurídicos e Internacionais, Seyed Abas Araqchi, e o vice-ministro de Assuntos Europeus e Americanos, Mayid Tajt Ravanchi.

Reação dos sionistas

Os sionistas israelenses reagiram mal ao discurso pacifista do chefe do Executivo iraniano. O primeiro-ministro do regime de Israel, Benjamin Netanyahu, emitiu um comunicado xingando o mandatário iraniano de “cínico” e “hipócrita”. O governante belicista de Israel voltou a acusar o Irã de perseguir objetivos bélicos em seu programa de energia nuclear.

"Toda pessoa razoável compreende que o Irã, um dos países mais ricos em petróleo, não investe capital em instalações nucleares para produzir eletricidade", assinalou o premiê israelense.

Numa demonstração de intolerância, Netanyahu já tinha mais cedo dado instruções estritas à delegação israelense na ONU para que se retirasse do recinto durante o discurso do mandatário persa.

Os Estados Unidos, o regime israelense e alguns de seus aliados acusam o Irã de desviar a finalidade de seu programa de energia nuclear.

O Irã tem rechaçado sistematicamente tais acusações, sublinhando que como signatário comprometido com o Tratado de Não Proliferação (TNP) e membro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), tem direito a utilizar a tecnologia nuclear com fins pacíficos.

Além disso, a AIEA realizou numerosas inspeções nas instalações nucleares do Irã, mas nunca encontrou qualquer evidência que confirme as alegações do regime sionista e de alguns de seus aliados ocidentais de que o programa de energia nuclear iraniano teria uma dimensão militar.

Com Blog da Resistência e  Hispan TV