Em encontro, Dilma reafirma importância do Paraguai no Mercosul

Em encontro com o presidente paraguaio, Horacio Cartes, nesta segunda-feira (30), em visita oficial, a presidenta Dilma Rousseff reiterou a importância da participação do Paraguai no Mercosul. Para Dilma “seja no Mercosul ou na Unasul [União de Nações Sul-Americanas], o Paraguai, será sempre um parceiro estratégico para o Brasil”. Em declarações à imprensa, e apesar de não ter mencionado diretamente a volta de seu país ao bloco, Cartes agradeceu o apoio brasileiro à sua reincorporação.

Para a presidenta, a suspensão do Paraguai do Mercosul — devido ao golpe parlamentar que em junho de 2012 derrubou o presidente constitucionalmente eleito, Fernando Lugo, — não abalou as relações bilaterais entre os países e não gerou prejuízos à população paraguaia. A suspensão perdeu a validade depois que Cartes assumiu a Presidência em agosto deste ano. Mas ele se recusou a voltar, porque Nicolás Maduro, o sucessor de Hugo Chávez, ocupa temporariamente a presidência do bloco e a Venezuela foi incorporada à revelia de seu país.

“O Paraguai está em um processo de volta ao Mercosul, tem o tempo deles. O Brasil tem todo interesse nessa volta”, afirmou a mandatária. Que acrescentou: "nós discutimos bastante sobre a questão do Mercosul e reiterei ao Cartes a importância que o Brasil dá a participação do Paraguai no Mercosul. Nós consideramos que essa participação tem um significado muito importante neste momento e consideramos também que, por sermos capazes de integrar da Patagônia ao Caribe, me refiro à Venezuela, tornamos a nossa região com tecido multilateral muito mais forte", afirmou Dilma.

Dilma informou que este foi seu terceiro encontro com Cartes desde que ele tomou a posse e que o potencial de integração entre os dois países é muito maior do que o explorado atualmente. Embora seja a primeira visita de Cartes ao Brasil como presidente, os dois chefes de governo já tinham se encontrado em outros fóruns, como a Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada há uma semana em Nova York.

Cartes

“Muito obrigado desde o primeiro dia pelo pedido de volta do Paraguai ao Mercosul”, afirmou o presidente Cartes, sem no entanto, se posicionar quanto ao retorno efetivo de seu país ao bloco.

O paraguaio elogiou as políticas sociais implantadas pelo Brasil e agradeceu a Dilma, que se dispôs a compartilhar a tecnologia utilizada nos programas Bolsa Família e no Brasil Sem Miséria. O presidente tem afirmado que a prioridade de seu governo será a erradicação da miséria.

Sobre o posicionamento de seu país na política regional, Cartes afirmou que o Paraguai “não quer pedir esmolas”. E acrescentou em seu curto pronunciamento ao lado da presidenta Dilma: “sabemos que temos atrativos nessa integração física. O Paraguai não quer pedir esmolas, não quer pedir favores. Paraguai quer sentar na mesa de negociações porque acredita que tem atrativos naturais que Deus e a natureza deram ao Paraguai. Num momento em que o Paraguai goza de um crédito que ontem não gozava, o Paraguai quer dizer ao Brasil que nós queremos sentar na mesa de negociação. E só queremos quando as coisas são úteis para nós: o ganha-ganhar, o 'win-win'”, disse o presidente.

Integração

Sobre as relações bilaterais entre ambos os países, Dilma ressaltou que Brasil e Paraguai dividem a maior usina hidrelétrica do mundo em produção: a Itaipu binacional. E destacou os projetos que ambos os países desenvolvem na área de cooperação energética. A presidenta ressaltou a existência de ações para interligar ainda mais a economia dos dois países, com investimentos em infraestrutura logística., como o projeto de construção de mais uma ponte sobre o Rio Paraná, em Foz do Iguaçu (PR). “A ponte será mais um elo entre o Paraguai e o Brasil, tornará mais fluido o transporte de cargas e ajudará no escoamento das exportações paraguaias.”

Dilma falou também sobre a inauguração, em novembro, de uma linha de transmissão de 500 quilowatts, com financiamento de US$ 322 milhões pelo Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul, que permitirá levar mais energia da Usina Itaipu Binacional aos arredores de Assunção, capital paraguaia. Para a presidenta, a obra é um símbolo da cooperação no Mercosul e contribuirá para a integração e cooperação ainda maior das cadeias produtivas brasileira e paraguaia. “Essa obra vai permitir grande possibilidade de atração de investidores no Paraguai e contribuirá, sem sombra de dúvida, para a industrialização do país, gerando lá mais emprego e renda.”

De acordo com um comunicado do Ministério de Relações Exteriores (MRE), em 2012, o comércio entre Brasil e Paraguai alcançou US$ 3,6 bilhões, com crescimento de 38% das importações brasileiras de produtos paraguaios na comparação com 2011. De janeiro a agosto de 2013, a corrente de comércio bilateral aumentou 23% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Com agências
*Texto alterado às 19h20 para acréscimo de informações