Argentina: caso Amia deve entrar na agenda dos EUA com o Irã

A Argentina pediu aos Estados Unidos que incluam a causa do atentado contra a Asociación Mutual Israelita Argentina (Amia) em sua agenda de diálogo com o Irã. A solicitação está de acordo com o defendido pela presidenta Cristina Kirchner em seu discurso durante a 68ª Assembleia Geral da ONU.

O texto enviado à Casa Branca lembra que a Argentina e os Estados Unidos têm cooperado na busca pela verdade e na necessidade de levar justiça aos responsáveis materiais e intelectuais pelo atentado terrorista à sede da Amia em 1994.

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A Justiça argentina acusa cinco autoridades iranianas, que integravam na época o governo de Teerã, de ter realizado o atentado contra a Amia em conjunto com o Hezbollah. O ataque teve o saldo de 85 mortos e 300 feridos. A Argentina conta com a maior comunidade judaica da América Latina.

A mandatária também criticou a dupla moral da mídia, dos jornais (opositores) que elogiaram a conversa telefônica do presidente estadunidense Barack Obama com o novo líder iraniano, Hassan Rohani, e foram críticos do diálogo proposto pelo governo argentino para chegar a um acordo com o Irã na investigação do atentado.

No início deste ano, o governo Kirchner fez um acordo com Teerã para criar uma “comissão da verdade” conjunta para investigar o atentado contra a Amia. Esse acordo foi aprovado no Parlamento, em Buenos Aires, em fevereiro, com a oposição da comunidade judaica, que sustenta que isso implica em um retrocesso para as investigações.

Durante meses, o governo argentino ficou em compasso de espera para a aprovação formal do acordo por parte dos iranianos. Finalmente, neste fim de semana, o chanceler argentino Héctor Timerman reuniu-se com seu colega do Irã, Javar Zarif, que lhe confirmou que o memorando pactuado entre ambos os governos “havia sido aprovado por todas as instâncias do governo” em Teerã. No entanto, no encontro entre os dois chanceleres, não ficou claro se o pacto havia sido aprovado pelo parlamento em Teerã, tal como havia pedido a presidente Cristina.

Timerman admitiu que não foi possível fixar uma data para interrogar os acusados pelo atentado. O ministro argentino explicou que combinou uma nova reunião de trabalho, em novembro, em Genebra.

Com informações do La Jornada e do Estadão