Refugiados sírios serão recebidos a conta-gotas por 17 países

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) informou, nesta quarta-feira (2), que 17 países ofereceram-se para receber números limitados de refugiados da Síria. Entre eles estão, inclusive, os Estados Unidos, a França e a Austrália, de acordo com o porta-voz da agência da Organização das Nações Unidas, Peter Kessler.

Refugiados sírios - ACNUR

Embora a influência direta dos Estados Unidos na escalada da violência seja evidenciada, através do apoio bélico, financeiro e político aos grupos armados que atuam na Síria, o ACNUR saudou o acordo de recepção de refugiados que inclui o país norte-americano.

“Até o momento, o ACNUR tem 17 países participando dos esforços do Programa de Reassentamento / Admissão Humanitária”, disse o porta-voz à agência de notícias AFP.

Estes países oferecem, no total, cerca de 10.000 vagas, entre os mais de dois milhões de refugiados sírios contabilizados pela agência. O compromisso se dá em meio às críticas de alguns países ocidentais pelo fracasso na partilha das responsabilidades para a mitigação da grave situação humanitária criada pelo conflito armado na Síria.

Até agora, os vizinhos do país árabe (Líbano, Turquia, Jordânia e Iraque) têm absorvido a maioria dos refugiados, mas o influxo tem comprometido os recursos financeiros e logísticos e causado tensões internas e regionais.

O problema é particularmente grave no Líbano, que atualmente abriga ao menos 760.000 refugiados registrados. O real número de sírios no país, entretanto, é próximo a um milhão, se contados os não registrados como refugiados no ACNUR. O Líbano tem uma população nacional de quatro milhões.

“10 mil vagas de reassentamento no exterior é um primeiro passo importante, mas é uma gota no oceano comparada com as imensas necessidades e o grande número de sírios ainda acomodados pelos países na região”, disse Kessler.

Pelo acordo, o ACNUR avaliará os casos dos refugiados que serão realocados para 17 países anfitriões, dando prioridade aos mais vulneráveis, de acordo com o porta-voz.

“A vulnerabilidade é baseada em diversas questões”, disse, “e inclui pessoas com deficiências, lares com apenas um chefe e vítimas de abusos sexuais ou outras formas de abuso”.

Quantos refugiados cada um dos 17 países receberá ainda não foi decidido, embora a França tenha afirmado que receberá apenas 1.200 pessoas. A Suécia também confirmou que fornecerá permissões de residência aos refugiados que já estão no país, mas eles não poderão pedir asilo nas embaixadas suecas. Desde 2012, o país recebeu 14.700 pedidos de asilo de sírios.

De acordo com um artigo recente do portal Salon, os Estados Unidos aceitaram somente 64 refugiados sírios em seu território desde o começo do conflito, devido à legislação que barra a entrada de pessoas que participaram ou apoiaram grupos rebeldes, mesmo aqueles apoiados pelo governo estadunidense.

Com informações do portal Al-Akhbar