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Gustavo Alves: É preciso um PCdoB preparado para novos desafios

Nestes tempos de Congresso, a militância e as direções de todos os níveis tem uma oportunidade ímpar de fomentar o debate sobre nossa atuação e nossos desafios.
Por Gustavo Alves*

Sobre nossa atuação é preciso ter claro, que o PCdoB acumula experiências valiosas para a luta dos comunistas de todo o mundo. Esta afirmação, apesar de parecer uma frase de efeito arrogante, é real e concreta. Nós estamos à frente de entidades da sociedade civil, parlamentos, prefeituras, secretarias estaduais e ministérios. A formação do jeito "comunista" de governar é construída em todo o país, em todas as regiões.

Muitos de nós não nos atentamos, mas os olhos dos comunistas de todo o planeta acompanham nossas ações para entender como estamos à frente de espaços de governo em um sistema capitalista, sem perdermos o horizonte socialista.

Poucos partidos comunistas têm acumulado esta experiência.Este período histórico que conjuga nossa legalidade com nossa participação nos espaços de poder tem nos permitido enfrentar desafios até então distantes de nosso cotidiano.

O PCdoB, através de seus quadros, se destaca na formulação de políticas públicas para o esporte, a juventude, as mulheres e os trabalhadores. Mas também contribui para temas variados como a cultura, gestão pública, segurança e defesa e democratização da comunicação.

A resposta à complexidade da sociedade brasileira tem sido a ampliação da atuação dos comunistas.

O receituário monolítico e positivista, calçado em frases de efeito e apenas nas experiências históricas de outros países foi limado pela realidade.

Não há como deixar questões como o desenvolvimento, meio ambiente, democracia nas comunicações para "depois da revolução".Entretanto, novos desafios surgem a cada dia.

Desafios práticos e teóricos

A complexidade da sociedade trouxe novos desafios, que ainda carecem de debate entre o Partido. Temas como a sociedade de controle, biopolítica, as peculiaridades do trabalho imaterial e o capitalismo cognitivo estão distantes dos nossos foros.

É preciso que o PCdoB aprofunde o debate teórico destes temas e facetas do capitalismo no estágio atual.

Não se defende aqui, uma inversão da atual lógica de debate, que prioriza os debates políticos táticos e estratégicos. Trata-se de uma necessária complementação da análise da realidade.

Nos anos 1990, o PCdoB incluiu em seus debates e cursos, e foi o primeiro a enfrentar o conceito de neoliberalismo. Isso nos permitiu enxergar além das cortinas de fumaça ideológicas que contaminavam outras forças progressistas.

Neste momento, é preciso que o partido continue avançando, pois o capitalismo continua sendo uma força, que através de sua "destruição criativa", nos coloca diante de novos desafios políticos, práticos, tático, estratégicos e também teóricos.

*Gustavo Alves é Membro do Comitê Estadual do PCdoB-DF.