Palestinos denunciam grave situação humanitária na Faixa de Gaza

A Faixa de Gaza, bloqueada militarmente, atravessa graves crises humanitárias, conforme novamente denunciado, neste domingo (6), pelo movimento de resistência islâmica que governa Gaza, o Hamas. Além disso, o regime israelense ataca com frequência o território, inclusive com incursões terrestres. Este é um dos temas que causam revolta em setores da sociedade palestina contra as negociações com Israel, que mantém a ocupação sobre a Palestina.

Faixa de Gaza - Majdi Fathi / APA

O território palestino está recorrentemente em grave situação humanitária devido ao bloqueio militar imposto por Israel e pelo fechamento da passagem de Rafah, pelo Egito, o que deixa a população sem bens básicos como alimentação e remédios, por vezes transferidos à Faixa através de túneis subterrâneos.

“A Faixa de Gaza está a ponto de sofrer uma tragédia humanitária devido à punição coletiva do regime israelense contra o povo palestino”, advertiu Ezzat al-Rashq, alto membro do Hamas, enquanto rechaçava afirmações da mídia egípcia contra o movimento.

Leia também:
Agência da ONU para refugiados palestinos faz apelo no Brasil
Alívio do bloqueio a Gaza e plano de paz são retóricas ocidentais
Ataques a Gaza: Israel e Egito destroem túneis e agravam situação
Violência no Sinai não reflete postura palestina, diz Autoridade

O Egito declara a “luta contra o terrorismo” na Península do Sinai, que faz fronteira com Gaza, e acusa militantes palestinos da violência na região. Como parte das suas operações, fechou a passagem de Rafah, a única que permitia alguma movimentação aos palestinos, e destruiu túneis subterrâneos que alega servirem ao contrabando de armas e de “terroristas”. Este é o mesmo pretexto dado por Israel para as mesmas operações.

Al-Rashq, por outro lado, reiterou o direito dos palestinos à luta de resistência contra a ocupação e a opressão. “Não é lógico e não tem sentido que o Exército egípcio lance uma ação militar contra Gaza, enquanto o governo da Palestina e seus serviços de segurança sempre mostraram interesse e disposição para a cooperação no campo da segurança do Egito”, agregou.

Já Israel viola frequentemente um acordo de cessar-fogo mediado pelo próprio Egito, para finalizar a operação de oito dias do Exército israelense contra Gaza, em novembro de 2012. Entre suas ações estão os ataques a camponeses palestinos que se aproximem da barreira imposta por Israel e a pescadores que se aproximem do curto limite marítimo (extremamente reduzido em comparação com o espaço acordado oficialmente), vigiado pela Guarda Costeira israelense.

Além disso, uma manifestação organizada pela Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), com centenas de refugiados, protestou contra os últimos cortes de ajuda da Agência das Nações Unidas para Assistência e Trabalhos para Refugiados da Palestina (UNRWA), que atua no Oriente Médio, inclusive em Gaza. A agência estima que 1,1 milhão de palestinos da Faixa, que tem 1,7 milhão de habitantes, depende diretamente da sua assistência humanitária.

Dificuldades financeiras e dependência extrema

A UNRWA, que presta assistência a refugiados palestinos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, no Líbano, na Jordânia e na Síria depende de contribuições voluntárias de diversos países, e informou recentemente sobre a falta de fundos. Este ano, segundo a agência, o déficit é de mais de 50 milhões de dólares.

“Não podemos manter nossos serviços para os refugiados a menos que todos os doadores aumentem a velocidade e respaldem a agência”, disse Filippo Grande, o comissário-geral da UNRWA. “Faltam 54 milhões de dólares para este ano, e no próximo, será pior”, continuou.

De acordo com o comissário, a agência espera que os doadores árabes aprofundem seu compromisso com a agência, com “a meta de 7,8% das contribuições de governos árabes ao orçamento geral da UNRWA, fixada antes pelas resoluções da Liga Árabe”, afirmou Grande.

Desde 2007, Israel impõe um grave bloqueio militar à Faixa de Gaza, já classificados pela própria ONU de “punição coletiva”, que configura um crime de guerra sob o direito internacional. As consequências são uma grave condição humanitária, de extrema pobreza e dependência da assistência internacional, cujo influxo também é controlado por Israel.

Uma qualidade de vida em decadência, altos níveis de desemprego, e a falta de direitos básicos como a própria liberdade de movimentação, atenção médica, acesso ao trabalho ou à educação também são graves consequências do bloqueio militar israelense.

Cerca de 70% dos mais de 1,7 milhão de habitantes do território são refugiados que foram deslocados dos territórios da Palestina desde 1948, e dependem da UNRWA para ajudas e diversos serviços básicos.

Com agências,
Da redação do Vermelho