Tunísia: Partido islamita assina acordo por governo transicional

O partido islamita no governo da Tunísia, Ennahda, concordou com um cronograma debatido com seus opositores, para formar um governo de independentes. O partido tem sido acusado de má gestão da economia e de falhar no controle dos extremistas, de acordo com o portal All Africa, em artigo deste fim de semana.

Presidente Moncef Marzouki - Reuters /Jean-Marc Loos

O Ennahda e a oposição majoritariamente secular do país do norte africano concordaram, no sábado (5), em começar a trabalhar pela formação de um novo governo, assim como de um órgão especial para monitorar as eleições.

Apesar dos atrasos devido a algumas disputas, o líder do Ennahda, Rached Ghannouchi assinou um “mapa da rota” na presença de políticos e da mídia. Anteriormente, Ghannouchi havia acusado a oposição de “chantagem de último minuto” e se recusado a assinar o texto.

Um acordo foi eventualmente alcançado, embora não tenha ficado claro, em um primeiro momento, como as questões foram resolvidas. Os termos estabelecem um cronograma de três semanas para a criação de um governo transicional formado por especialistas independentes.

“Estou otimista pelo future da Tunísia e pela possibilidade de o processo de diálogo levar a eleições livres e transparentes”, disse o presidente interino Moncef Marzouki, do Partido Congresso pela República (de centro-esquerda e secularista), na cerimônia de assinatura do acordo. “Os olhos dos tunisianos e dos nossos amigos estrangeiros estão postos em nós, e não podemos desapontá-los; é uma responsabilidade histórica”.

O acordo, mediado pela confederação sindical do comércio (UGTT), requer que a assembleia eleita dominada pelo Ennahda finalize a elaboração de uma nova constituição que pavimente o caminho para as eleições.

Quatro mediadores desenharam o acordo, que estabelece a nomeação de um primeiro-ministro independente até o fim da próxima semana.

O Ennahda tem sido pressionado para abandonar o poder, após o assassinato de dois oponentes políticos ter inflamado acusações de que o partido está fazendo pouco para reprimir seus apoiadores extremistas.

O partido está no governo desde as eleições de 2011, que seguiram a deposição do presidente autoritário do país, Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro do mesmo ano.

Com informações do portal All Africa