Cuidar das crianças, artigo de Flávio Dino

 

Flávio Dino
Uma das passagens mais populares da Bíblia é quando Jesus está caminhando e alguns fiéis vêm lhe trazer filhos para que Ele os conhecessem. Conta o Evangelho de Lucas, capítulo 18, versículo 15, que os apóstolos repreenderam os fiéis e pediram que as crianças fossem afastadas, para não O incomodar.

Ao que Jesus reagiu: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas. Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele”. Com essas palavras, ensinou que devemos encarar o mundo com coração límpido, livre do pecado da ditadura dos interesses materiais.

Conforme as palavras de Cristo, as crianças são um exemplo a ser seguido e um tesouro a ser guardado entre nós. Devemos cuidá-las como o que há de mais sagrado e precioso em nossa sociedade. São os portadores do futuro que tão duramente trabalhamos todos os dias para construir.

Para que sejam felizes e possam se desenvolver em harmonia, precisam de um ambiente saudável e de incentivos. Educação, cultura, esporte e lazer são direitos elementares, hoje infelizmente negados para a maioria das crianças do nosso Maranhão. Para garantir esses direitos a todas as crianças, não bastam os esforços contínuos de cada família. O Estado – em todas as esferas: federal, estadual e municipal – tem de aportar recursos, estruturas e o trabalho de homens e mulheres.

Da parte do governo federal, um programa importante foi o da construção de creches. Mais de 1.100 foram entregues e outras 3.000 estão sendo construídas em todo o país. Em São Luís, a Secretaria Municipal de Educação, por orientação do prefeito Edivaldo, está priorizando o programa, e 9 novas creches já estão garantidas, com o início das obras ainda neste ano.

A creche é um ambiente essencial para as famílias nos dias de hoje. Com o importante ingresso das mulheres no mercado de trabalho, passou a ser essencial para as famílias conseguir um lugar adequado para deixar seus filhos. E não qualquer lugar, mas uma creche que cada pai e cada mãe possam ter segurança de que estão deixando seus filhos com bons cuidadores, que os alimentarão e educarão bem.

Também o Estado se faz necessário nos poucos, porem muito tristes casos, em que uma família não é capaz de cuidar de uma criança. Ou quando ela é exposta a situações de violência psicológica ou mesmo vítima de abusos inomináveis. Nesses casos, o trabalho valoroso dos Conselhos Tutelares é essencial. Somente os conselheiros tutelares têm o preparo e, ao mesmo tempo, a autoridade para intervir em situações complexas em que a saúde física ou mental de uma criança está colocada em risco. Com satisfação, tenho acompanhado muitas prefeituras, com o apoio do governo federal, estruturarem mais adequadamente os Conselhos, instrumentos fundamentais para que o Estatuto da Criança e do Adolescente possa ser integralmente cumprido.

Nos casos mais graves, em que o cidadão tem conhecimento de alguma situação de abuso, ele pode ligar para o Disque 100, mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Lá o cidadão é orientado sobre o que ele pode fazer para denunciar determinada situação de risco. E se a pessoa preferir, a Secretaria de Direitos Humanos também disponibiliza um aplicativo de celular chamado Proteja Brasil, em que é possível localizar o local mais próximo à sua residência para fazer uma denúncia.

O estagio civilizacional de uma sociedade pode ser medida pela forma como cuida de suas crianças. Portanto, não bastam dinheiro e novos bens de consumo para fazer de nós um país melhor. O zelo pelas crianças há de ser, desde os ensinamentos de Cristo, uma de nossas principais missões na terra, na busca eterna do Reino de Justiça, o Reino de Deus.