Copom indica novos aumentos na taxa de juros para 'conter inflação'

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) destacou que deve manter-se “especialmente vigilante” para reduzir os riscos de que níveis elevados de inflação persistam, como observado nos últimos 12 meses.

A avaliação consta na ata da última reunião do Copom, divulgada nesta quinta-feira (17). No último dia 9, o comitê manteve a estratégia de aumento da taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual. Atualmente, a Selic está em 9,5% ao ano. O comitê eleva a taxa Selic quando considera que a inflação está em alta no país.

A medida é amplamente criticada por setores progressistas da política brasileira e representantes de movimentos sindicais do país. Em artigo publicado logo após o anúncio do novo aumento da taxa básica de juros, o presidente nacional da CTB, Adilson Araujo, afirma que os "juros altos inibem os investimentos, a produção e o consumo. A decisão, adotada a pretexto de controlar a inflação, é uma ducha de água fria nas esperanças de recuperação da economia, afetando especialmente a atividade industrial e estimulando, com isto, o processo em curso de desindustrialização".

Preços ao consumidor

O Copom também reiterou que “a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos 12 meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência”. Segundo o comitê, também contribuem para essa resistência mecanismos formais e informais de indexação (reajustes de preços com base de índices de inflação) e a percepção dos agentes econômicos sobre a dinâmica da inflação.

“Tendo em vista os danos que a persistência desse processo causaria à tomada de decisões sobre consumo e investimentos, na visão do comitê, faz-se necessário que, com a devida tempestividade, o mesmo [efeito] seja revertido”, diz o Copom, na ata. “Nesse contexto, o Copom entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso”, acrescentou.

Na ata, o Copom também avalia que a projeção para a inflação de 2013 diminuiu em relação ao valor considerado na última reunião, porém, permanece acima do centro da meta de 4,5% – fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Para 2014, a projeção de inflação recuou em relação ao valor considerado na reunião do Copom de agosto, mas ainda acima da meta de 4,5%. O comitê não divulga os valores de suas projeções para a inflação. No último Relatório de Inflação, divulgado trimestralmente, o BC projeta inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 5,8%, este ano, e em 5,7%, em 2014.

Aumento da gasolina

O Copom manteve ainda a projeção de reajuste da gasolina, para o consumidor, em 5% este ano. No último dia 10, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, reforçou que o governo não tinha definido se haveria reajuste no preço da gasolina em 2013. “Não sei nem se terá”, respondeu o ministro a jornalistas, ao ser perguntado se o aumento poderia chegar a 6%, para completar o percentual solicitado pela Petrobras.

No início do ano, o governo autorizou aumento de 6,6% da gasolina nas refinarias, para alinhar o preço do combustível ao mercado internacional. O reajuste solicitado pela Petrobras foi 13% para todo o ano.

Tarifa de energia

Na ata, o Copom também manteve a projeção de recuo de aproximadamente 16% na tarifa residencial de eletricidade. O comitê explica que essa estimativa leva em conta os impactos diretos das reduções de encargos setoriais anunciadas pelo governo, bem como reajustes e revisões tarifárias ordinários programados para este ano.

Também foram mantidas as estimativas para o aumento do preço do botijão de gás e para a redução na tarifa de telefonia fixa de, respectivamente, 2,5% e 1%.

Para o conjunto de preços administrados por contratos e monitorados, este ano, a projeção recuou para 1,5%, 0,3 ponto percentual menor que a estimativa de agosto. Para 2014, a projeção segue em 4,5%.
Informações da Agência Brasil