Israel mantém pressão contra o alívio das sanções ao Irã

O regime israelense pediu aos países ocidentais que não revoguem as sanções contra a República Islâmica do Irã, até que o país demonstre o desmantelamento do seu programa nuclear. Finalizando a reunião com o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, membros do Conselho de Segurança, mais a Alemanha), nesta quarta-feira (16), o governo persa, por outro lado, reiterou seu compromisso com a diplomacia sobre o assunto e pediu uma mudança de postura do Ocidente.

De acordo como jornal israelense Ha’artez, Israel respondeu com cinismo à última rodada de conversações entre Teerã e o G5+1, em Genebra, na Suíça. O encontro aconteceu nesta terça e quarta-feira (16), em um ambiente “positivo”, de acordo com chanceleres ocidentais e com a própria chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

         Foto: Isna
     
         O presidente Hassan Rohani (no meio) e o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad
         Zarif (à direita) vêm reiterando a posição de diálogo e de abordagem mais moderada sobre o programa
         nuclear do país.

Desde declarações mais diplomáticas emitidas pelo Ocidente, após a eleição do novo presidente persa Hassan Rouhani, o governo Israel parece excluído e tem feito afirmações agressivas, alegando sentir-se ameaçado pelo Irã.

Leia também:
Negociações nucleares entre Irã e G5+1 entram no segundo dia
Irã e Grupo 5+1 iniciam conversações sobre programa nuclear persa

Assim como os governos ocidentais que impõem sanções contra o Irã (desde 1979, no caso dos Estados Unidos, e desde 2006, no caso da Organização das Nações Unidas e da União Europeia), Israel acusa o país de investir em um programa nuclear de fins bélicos, enquanto o governo persa reitera seu objetivo pacífico, de fins energéticos e médicos, assim como a sua disposição para dialogar sobre o tema, para contribuir para a sensação de segurança dos países.

“Até vermos passos práticos que provem que o Irã está desmantelando seu projeto nuclear militar, a comunidade internacional precisa manter as sanções”, disse uma autoridade israelense ao jornal Jerusalem Post. “A pressão das sanções trouxe o Irã a este ponto e precisamos garantir que elas não sejam removidas até que Teerã deixe de buscar uma capacidade militar”, continuou.

Entretanto, o programa nuclear israelense continua sem verificação completa, ainda que o país integre a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Estima-se que Israel possua ao menos 80 ogivas nucleares de longo alcance, mas à AIEA, que já conduziu diversas inspeções no Irã, não é permitida a visita a determinadas instalações israelenses onde podem estar as ogivas nucleares.

Na contra mão da diplomacia, o governo israelense exige, em diversas ocasiões, a manutenção de um dispositivo agressivo contra o Irã, ou seja, as sanções, que têm afetado a economia persa de maneira significativa, ignorando o direito soberano do país, como membro do Tratado de Não Proliferação Nuclear e da AIEA, de desenvolver um programa nuclear pacífico.

As delegações do Irã e do G5+1 concordaram em reunir-se nos dias 7 e 8 de novembro, em Genebra, para dar seguimento às negociações. Durante o primeiro dia de diálogos, na rodada desta semana, a delegação iraniana ofereceu uma nova proposta diplomática, intitulada “Fim de uma crise desnecessária e a abertura de um novo horizonte”, classificada pelo G5+1 como uma “importante contribuição”.

Até mesmo os Estados Unidos, que inauguraram as sanções contra o Irã, em1979 (após a derrubada de um regime monárquico e autocrático aliado aos EUA pela Revolução Islâmica), valoraram positivamente a proposta realizada pelo Irã, e afirmaram que ela contém “um nível de seriedade e conteúdo” que ainda não havia sido visto.

Entretanto, a seriedade das conversações em Genebra inquietou o regime israelense, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou de “um erro histórico” a possibilidade de suavizar as sanções contra o Irã.

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho