Rússia pode ajudar na destruição do arsenal químico da Síria

A Rússia pode participar do processo de destruição do arsenal químico da Síria, já em marcha. Segundo Anders Rasmussen, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que esteve prestes a realizar uma intervenção militar ilegal contra o país árabe, o trabalho pode ser realizado conjuntamente por ambos ou individualmente. Rasmussen foi citado pelo jornal israelense Ha’aretz, nesta quarta-feira (23).

Opaq - News Australia / Vídeo

Resultado do esforço diplomático da Rússia, para evitar o uso da força promovido pelos EUA e por países europeus, o acordo diplomático e a subsequente resolução do Conselho de Segurança que preveem passos para a destruição das armas químicas sírias já está sendo implementado.

De acordo com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon e com fontes da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq), que está no país monitorando o processo de avaliação para a destruição do arsenal, o governo da Síria tem colaborado de forma compromissada, e o processo decorre positivamente.

Dando continuidade aos esforços diplomáticos, desde que coordenou a promoção do acordo através de reuniões com os Estados Unidos, a Rússia pode cooperar com a Otan ou participar individualmente do processo de destruição do arsenal. As autoridades russas vêm garantindo apoio ao governo sírio reiteradamente, principalmente para este processo, que requer grandes recursos financeiros, técnicos e logísticos.

O pedido de cooperação foi feito por Ban Ki-moon para o apoio à Opaq, segundo Rasmussen, que disse esperar que a Otan e a Rússia respondam positivamente. “Se isso vai ser executado individual ou conjuntamente, ainda não se pode dizer”, afirmou.

Enquanto isso, o autodenominado grupo de “Amigos da Síria”, formado por 11 países (Estados Unidos, Reino Unido, Egito, França, Alemanha, Itália, Jordânia, Catar, Arábia Saudita, Turquia, Emirados Árabes Unidos) que apoiam a oposição, afirmam que o presidente Bashar Al-Assad não deve participar do governo transicional.

A afirmação reflete a ingerência desse grupo, enquanto uma conferência internacional de diálogo político é promovida (mas recusada pela oposição enquanto Assad ainda estiver na presidência).
Além disso, é incompatível com a realidade, uma vez que o governo sírio tem grande apoio popular, ainda em ascensão devido à atuação dos grupos armados e à própria interferência externa, que têm transformado a vida no país de forma dramática.

Ainda assim, o grupo afirma que tenta convencer a oposição a comparecer à reunião em Genebra, na Suíça, que tem sido chamada de “Genebra 2” (a primeira aconteceu em junho de 2012). Entretanto, o apoio firme que esses países dão aos grupos armados no país continua transmitindo a percepção de vantagem política sobre o governo constitucional da Síria.

Diálogos nacionais

A oposição, representada pela Coalização Nacional Síria, continua instigando o grupo de países a “cumprirem a promessa” de apoio (bélico e financeiro, principalmente) e de intervenção militar contra o país, embora o governo afirme repetidamente a disposição ao diálogo nacional. A coalizão insiste ainda que não participará da conferência internacional, caso Assad não se retire do governo.

Entre as exigências da oposição estão também o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea (como no caso da Líbia) em todo o país, além do apoio ao chamado Exército Livre da Síria e a implementação do Capítulo Sete da Carta das Nações Unidas, que permitiria o uso da força, através da intervenção militar.

Ainda assim, o Reino Unido, os Estados Unidos e a França (através dos chefes diplomáticos William Hague, John Kerry e Laurent Fabius, respectivamente) alegam apoiar uma “oposição moderada”, já que o presidente Assad teria “perdido toda a sua legitimidade”, apesar do apoio popular que recebe, do compromisso com os acordos negociados e da promoção do diálogo, rechaçado pela oposição.

Por outro lado, até mesmo Kerry afirma que a negociação pelo afastamento de Assad deve ser um resultado dos diálogos, e não uma condição para realiza-los, e o enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, tem feito apelos entre diversos países árabes para angariar apoio à condução da reunião.

Já o presidente Assad tem reiterado, em diversas entrevistas, que se a Conferência de Genebra 2 for realizada, ele não tem planos de afirmar controle sobre a Síria, mas que seu destino será determinado pelo povo sírio, na eleição presidencial marcada para o próximo ano, e não pelos desejos do Ocidente, liderado pelos Estados Unidos.

Com agências,
Da redação do Vermelho