Roniwalter Jatobá ganha o Prêmio Jabuti 2013

O escritor, jornalista, e colaborador do Vermelho Roniwalter Jabotá foi um dos vendedores do Prêmio Jabuti 2013, com o livro de contos Cheiro de Chocolate e outras histórias.

Por José Carlos Ruy

Roniwalter Jatobá

Roniwalter Jatobá foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti em 2013, com o livro de contos Cheiro de Chocolate e outras histórias (lançado em 2012 pela Editora Nova Alexandria). Roniwalter Jatobá, é um dos principais escritores brasileiros contemporâneos e ocupa um lugar ímpar e próprio na literatura: tendo sido ele próprio operário na indústria automobilística, na década de 1970, seu tema é a vida dos trabalhadores, do povo pobre, da periferia de uma grande metrópole, como São Paulo. Ou de uma cidade à beira de uma grande rodovia, no norte de Minas, sua Campanário de origem. Ou Campo Formoso, no sertão baiano, onde cresceu e viveu antes de mudar para São Paulo.

A matéria de seus romances é a vida dos trabalhadores, que conheceu em São Paulo, onde vive desde 1970. Foi operário na Kharmann-Ghia, em São Bernardo do Campo, e morou ao lado da lendária Nitroquímica, na zona Leste da cidade – fábrica que, antes da ditadura militar, abrigou uma das maiores e mais ativas células operárias do Partido Comunista do Brasil. Depois, tornou-se gráfico na Editora Abril, onde encontrou o caminho do jornalismo e da literatura, rota natural para um jovem devorador de livros como fora desde a meninice.

Sua literatura se desdobra em múltiplos registros desde o livro de estreia, Sabor de Química (1976); em 1978, Crônicas da Vida Operária mereceu o prêmio Casa de Las Americas, em Cuba. Os títulos se sucederam, com histórias e personagens obrigatórios para um leitor atualizado e antenado com os problemas e as vivências dos brasileiros de nosso tempo. Ou com biografias como O Jovem Che Guevara, O Jovem JK, ou O Jovem Luiz Gonzaga.

É uma literatura – ele mesmo conta – inspirada, toda, no final do romance Vida Secas, onde Graciliano Ramos fala que aquela família de retirantes iria para uma cidade grande, para o sul. “Sempre me espelhei neste final de Vidas Secas”, e dai “minha ideia é contar a vida dos migrantes já em São Paulo”.

Longe daquilo que é mais comum na literatura atual, longe das voltas diante do umbigo comuns na maior parte dos autores, e também à temática de classe média dominante; os personagens de Roniwalter Jatobá se caracterizam por um traço comezinho: são homens e mulheres que trabalham.

Isto os distingue e é sua marca mais forte, e de sua literatura. No futuro, quando um estudioso ou historiador, quiser conhecer a vida real e concreta dos milhões de brasileiros que trabalham, terão nos livros de Roniwalter Jatobá um manancial rico não apenas de descrições da vida e seus problemas mas, sobretudo, da maneira como sentiam e sonhavam os brasileiros que viveram neste tempo. Estão lá, na literatura de Roniwalter Jatobá. Isto foi reconhecido, em 2013, pelo Prêmio Jabuti, na categoria contos.

Assista

Este vídeo foi exibido pelo programa Leituras (TV Senado) em dezembro de 2012: